Pandemia

Campanha defende fim de aglomerações dentro de frigoríficos

Frigoríficos têm sido locais de alta infecção pela covid-19. Trabalhadores estimam que 25% da categoria já está infectada, o que pode representar 125 mil trabalhadores

Sesi Divulgação
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Após a entrada em vigor da norma, a União Internacional de Trabalhadores da Alimentação celebrou a redução de até 75% das manifestações de LER/DORT

São Paulo – Os trabalhadores de frigoríficos do país lançam nesta quarta-feira (26) campanha para pressionar as empresas do setor a colocarem fim às aglomerações em suas áreas de produção. Os frigoríficos têm sido locais de alta infecção por covid-19. A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (CNTA Afins), segundo o portal de notícias Metrópoles, estima que 25% dos trabalhadores já estão infectados. Esse percentual corresponde a 125 mil trabalhadores.

A campanha pelo fim das aglomerações em frigoríficos chama-se “A Carne mais Barata do Frigorífico é a do Trabalhador”. Além de estar nas ruas, nesta quarta a campanha começa ocupando as portas das fábricas. A mobilização busca dar visibilidade aos riscos de contaminação pela covid-19, situação ignorada por empresas e governos em plena pandemia.

A iniciativa é da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação (Contac), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT); CNTA Afins; e Regional Latinoamericana da União Internacional do Trabalhadores da Alimentação (REL-UITA).

As mobilizações ocorrem ao longo de todo o dia. Além demandar a redução de aglomerações disso, as confederações e a Uita cobram o fornecimento diário de equipamentos de proteção individual, os EPIs.

De acordo com o presidente da CONTAC-CUT, Nelson Morelli, a luta se dá também pelo afastamento dos empregados que pertencem ao grupo de risco. Ele defende ainda o distanciamento de 2 metros entre os trabalhadores dentro dos frigoríficos e a testagem em massa para covid-19.

Vida vale mais que lucro

“A vida vale mais do que o lucro de qualquer empresa. Esta é uma campanha de conscientização da população. E uma forma de pressionar as empresas para que reforcem medidas de proteção de segurança a fim de proteger a vida de milhares de seres humanos”, fala Morelli.

Assim como Morelli, o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, também afirma que a pressão nas ruas se dá para que empresas e governo abram um canal de negociação.

“Acreditamos que esta campanha é importante porque as bases irão começar a fazer a mobilização, uma articulação dos trabalhadores. Iremos intensificar a campanha. Mas se não houver disposição em criar um canal de diálogo em busca da saúde e da vida dos trabalhadores, não descartamos a possibilidade de greve”, finaliza.

Em coletiva de imprensa na última semana, o secretário-geral da Rel-Uita, Gerardo Iglesias, explicou ainda que, além das mobilizações no Brasil, a campanha tem como objetivo expor a situação dos trabalhadores brasileiros às 425 organizações filiadas à Uita em 127 países.