No Dia do Bancário

Proposta para bancários inclui reajuste e abono, e acordo por dois anos

Decisão ainda depende de assembleias. Negociação ainda tem pendências, principalmente nos bancos públicos. Outra grande categoria em campanha, petroleiros estão próximos de acordo

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Ontem e hoje: Dia do Bancário se originou de greve em 1951; proposta dos bancos de reajuste e acordo de dois anos saiu nesta sexta

São Paulo – Exatamente no Dia do Bancário, comemorado nesta sexta-feira (28), a categoria conseguiu uma proposta que rompeu a resistência dos bancos, garantindo reajuste salarial e manutenção de direitos por dois anos. Foram 13 rodadas de negociação. Inicialmente, o setor oferecia reajuste zero aos trabalhadores. Ainda há pendências, principalmente em relação aos bancos públicos. A decisão sobre o acordo dos bancários caberá às assembleias que devem ser realizadas nos próximos dias.

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A proposta apresentada hoje pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) prevê, para 2020, reajuste de 1,5% mais R$ 2 mil de abono. As demais cláusulas econômicas do acordo coletivo seriam corrigidas pela inflação (INPC-IBGE, estimado em 2,74%). E os bancos mantêm a regra de cálculo da participação nos lucros ou resultados (PLR), que ameaçaram rebaixar. No ano que vem, o reajuste será com base no INPC e 0,5% de aumento real, além da manutenção de todas as cláusulas.

Até então, a Fenaban insistia em não dar reajuste neste ano, apenas abono. A proposta original previa, inclusive, apenas abonos em 2020 e 2021, além de valores menores para a PLR. A 13ª rodada de negociação foi difícil: começou por volta de 16h de ontem e, com interrupções, se prolongou até esta sexta pela manhã. As conversas prosseguiram ao longo do dia.

No limite

“É uma proposta que chegou ao limite em uma negociação com as limitações da pandemia, da crise econômica. Mesmo assim, mantém direitos e ainda tem aumento real no ano que vem”, comentou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Temos de levar em consideração a conjuntura de pandemia de covid-19, que impactou não somente na economia, com 80% dos acordos trabalhistas fechados em agosto abaixo do INPC, mas também na nossa organização. Outro ponto que deve ser considerado é a conjuntura difícil para os trabalhadores”, acrescentou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. As duas integram a coordenação do Comando Nacional da categoria.

Segundo o sindicato, o reajuste de 1,5% com o abono garante, em 12 meses, “valores acima do que seria obtido apenas com a aplicação do INPC para salários até R$ 11.202,80”, o que abrange 79,1% da categoria. O cálculo inclui pagamento de 13° salário, férias e FGTS. A manutenção das cláusulas por dois anos “dá segurança para a categoria neste contexto de retirada de direitos dos trabalhadores”.

Com o reajuste, o auxílio-refeição passa para R$ 829,52 mensais. E o auxílio-alimentação, para R$ 653,60. Fica mantido o 13º auxílio-alimentação, que os bancos queriam retirar.

Home office

O acordo coletivo tem validade até esta segunda-feira (31), véspera da data-base da categoria. Os bancários ficariam sem convenção, porque não existe mais o princípio da ultratividade, pelo qual as cláusulas se mantêm até a renovação. O novo acordo deverá ainda incluir uma cláusula sobre home office, tema que os bancos estavam se recusando a discutir.

O Dia do Bancário se origina de uma greve deflagrada em 1951, por reajuste e piso profissional. O movimento durou 69 dias.

Petroleiros: acordo próximo

O Conselho Deliberativo da Federação Única dos Petroleiros, formado pela direção da FUP e dos sindicatos filiados, decidiu indicar aceitação da proposta apresentada segunda-feira pela Petrobras. Segundo a entidade, a manutenção das cláusulas por dois anos, incluindo garantia de emprego, “foi o ponto decisivo para a definição do indicativo”. As assembleias nas bases começam na próxima segunda-feira (31) e vão até 13 de setembro.

Na avaliação da proposta, foi levada em conta “a complexa conjuntura política e econômica que impacta profundamente a classe trabalhadora”, diz a FUP. “Soma-se a isso o desmonte do setor público e estatal, com mais demissões, precarização e privatizações, oriundas da necropolítica da gestão Bolsonaro que reverbera na Petrobras”, acrescenta a entidade. Assim, manter os direitos por dois anos “é uma conquista que não pode ser desprezada”. E dá fôlego “para enfrentar a maior das batalhas, que é a defesa do Sistema Petrobras”.


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