Novos três anos

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC celebra a democracia em evento de posse da diretoria

Ato formal de posse dos eleitos será precedido por encontro virtual no sábado (18), aberto ao público. Evento contará com a presença de diversos convidados, entre eles, o ex-presidente Lula

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Presidente do SMABC Wagner Santana assume segundo mandado. Nova direção terá diversos desafios pela frente, a começar pela retirada de direitos trabalhistas e o processo de desindustrialização

São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC dá posse, neste domingo (19), à diretoria eleita para o próximo triênio (2020/2023). Além de um ato formal, o evento será também uma celebração da democracia e da cultura, que será iniciado já no sábado. A partir das 10h, a nova diretoria fará uma série de encontros virtuais com lideranças políticas, artistas e religiosos alinhados às lutas dos movimentos sociais e sindical.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comandou o sindicato de 1975 a 1981, é o principal convidado. Também participarão das atividades on-line o escritor e jornalista Fernando Morais, os cantores e compositores Chico Buarque e Gilberto Gil. Além deles, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, e a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). Também estarão presentes o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, e o pastor evangélico Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. Os encontros e a posse serão transmitidos ao vivo na página do Facebook do sindicato.  

A nova diretoria é composta por 193 metalúrgicos, trabalhadores de um total de 55 empresas, eleitos nos chamados comitês sindicais. O comitê de aposentados também tomará posse no domingo. Em função da pandemia, pela primeira vez os associados tiveram de votar pela internet no segundo turno, realizado em 24 e 25 de junho. O presidente da entidade, Wagner Santana, o Wagnão, trabalhador da Volkswagen, foi reeleito para um segundo mandato, até 2023. 

Os desafios

Os metalúrgicos, contudo, chegam para um novo triênio que será marcado sabidamente por diversos desafios. “Não temos governo, não tem uma política econômica, o desemprego está alto, não temos ministro da Saúde e as pessoas estão morrendo. E não há uma perspectiva de futuro ou política industrial”, afirma o diretor administrativo do sindicato, Moisés Selerges. 

Às vésperas da posse, o dirigente avalia em entrevista a Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, o processo de desindustrialização que vem se acelerando desde o governo de Michel Temer. E destaca a importância de um planejamento industrial, especialmente em meio à pandemia, para a criação de empregos e renda. “O sindicato tem clareza que vai estar de frente com uma não-política industrial. O governo Bolsonaro está sucateando a indústria”, comenta. 

“É um governo que não está preocupado com política industrial, com o crescimento da economia. Ele quer ajudar banqueiro, o sistema financeiro e quer derrubar a floresta para plantar soja. Mas o sindicato não vai se furtar por conta dessa situação. Nosso papel é mostrar para a sociedade qual é o melhor caminho para os trabalhadores”, garante.

Moisés também destaca que a nova direção dos metalúrgicos reforça a campanha pelos direitos trabalhistas, que nos últimos dois governos são constantemente reduzidos. 

“Daqui a pouco a gente está trabalhando em troca de um pedaço de pão e vai ter que agradecer ainda. É mais um desafio que a direção desse sindicato, e não só, as centrais, os outros sindicatos, temos que ir pra cima, não tem outro caminho para a gente”, ressalta. Com tantos obstáculos, a nova geração terá de recorrer à história de luta e resistência do Sindicato dos Metalúrgicos. “E ele só tem essa história por tudo o que já passou”, lembra o diretor.

Confira a entrevista


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