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Ex-sindicalista, líder do CGT no governo Jango, está internado e se recupera da covid-19

O mineiro Clodesmidt Riani completará 100 anos em outubro

Reprodução
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Um dos principais líderes sindicais da época, Riani foi cassado após o golpe de 1964

São Paulo – O ex-deputado e ex-sindicalista Clodesmidt Riani está internado desde a semana passada em Juiz de Fora (MG), mas segundo relatos se recupera bem do tratamento contra a covid-19. Ele completará 100 anos em 15 de outubro. Segundo a assessoria do Hospital Unimed, o quadro é de “melhora, com previsão de alta ainda esta semana”.

Riani é o remanescente da direção do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), entidade criada em 1962 e dissolvida depois do golpe de 1964. Em fevereiro, morreu Raphael Martinelli, líder ferroviário. Em junho do ano passado, morreu outro líder do CGT, o comandante Paulo Mello Bastos.

Fundador do Sindicato dos Eletricitários de Juiz de Fora, na zona da mata mineira, em 1954 foi eleito deputado estadual pelo PTB. Quatro anos depois, se tornaria suplente. Já no período da abertura política, filiou-se ao PMDB e novamente se elegeu para uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas.

Golpe e cassação

Riani era presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI) quando um congresso sindical com quase 2.600 delegados, em São Paulo, aprovou a criação do CGT. A entidade, não reconhecida formalmente, era dominada por sindicalistas ligados ao PTB e ao PCB. Em 1963, as mobilizações pelas reformas de base incluíam reivindicações como a legalização do CGT e o aumento do salário mínimo.

O Comando apoiava João Goulart, em uma relação de sucessivas idas e vindas. Após o golpe, ainda tentou, sem sucesso, organizar uma greve geral. Em abril de 1964, Riani foi um dos vários sindicalistas presos em todo o país. Ele teve os direitos políticos suspensos por 10 anos. No ano seguinte, enquadrado na Lei de Segurança Nacional, foi condenado a 17 anos de prisão – a pena seria reduzida duas vezes, na segunda para pouco mais de um ano. Mas seria condenado ainda em um inquérito policial-militar que apurava irregularidades na CNTI.

Durante a crise de 1964, foi sugerido ao ainda presidente da República a dissolução da entidade intersindical, como uma das tentativas de evitar o golpe. Jango não aceitou. Em 2013, com a Comissão Nacional da Verdade em funcionamento, um ato realizado em São Paulo homenageou os integrantes do CGT.


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