#BrequeDosApps

Entregadores de aplicativos fazem segunda greve nacional neste sábado

Desta vez, paralisação ocorrerá no final de semana, quando é maior a demanda por entrega de comida, para forçar aplicativos a negociarem melhores condições de trabalho

Roberto Parizotti
Roberto Parizotti
Aumento na remuneração e fim dos bloqueios indevidos são as principais reivindicações

São Paulo – Entregadores de aplicativos realizam neste sábado (25) uma nova greve nacional da categoria. É a segunda paralisação, em menos de um mês, por melhores condições de trabalho. Assim como ocorreu no dia 1º, além de suspender as atividades, motoboys e ciclistas farão manifestações em diversas cidades do país.

Dessa vez, o “breque dos apps” ocorrerá num sábado, porque durante o final de semana é maior a procura pelos serviços de delivery de comida. Os entregadores pedem que a população apoie a paralisação, não realizando pedidos nesse dia.

A ideia é fazer que empresas como IFood, Uber Eats, Rappi, Loggi e James negociem com os trabalhadores. Em primeiro lugar, eles reivindicam aumento da taxa de entrega e do valor pago por quilômetro rodado. Também querem o fim dos bloqueios indevidos. Muitos trabalhadores denunciam que são excluídos dos aplicativos e impedidos de trabalhar de maneira arbitrária, sem nenhuma justificativa.

Ainda mais essenciais durante a pandemia, por conta das medidas de distanciamento social, os entregadores viram seus rendimentos despencarem, enquanto aumentaram os lucros das empresas. Apesar disso, eles reclamam que não receberam sequer equipamentos de proteção individual (EPIs) para se proteger do contágio da doença.

Sem diálogo

No entanto, até o momento, os aplicativos se recusam a atender as demandas apresentadas. Elas se definem como empresas de tecnologia, e não de logística, e tratam os trabalhadores como “parceiros” ou “empreendedores”. Neste sentido, as paralisações tem servido para criar uma nova consciência coletiva entre os entregadores, afastada da ideologia do empreendedorismo.

Paulo Lima, conhecido como Galo, líder dos Entregadores Antifascistas – um dos grupos que organizam a categoria –, anunciou que eles agora pretendem organizar uma cooperativa de trabalhadores e desenvolver um aplicativo próprio, para por fim à exploração das grandes empresas.

Exploração

Com o aumento do desemprego, os aplicativos de entrega viraram uma das principais alternativas para os trabalhadores informais. Só o IFood recebeu 480 mil novos inscritos, entre março e junho. Já a Rappi diz ter registrado aumento de 128% em abril, na comparação com igual mês ano passado. Com mais motoristas nas ruas, cai o valor pago pelo serviço.

Entrevistados pela RBA, os entregadores relataram piora nas condições de trabalho. Além disso, pesquisa on-line realizada pela Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostrou que 68,9% dos entregadores tiveram queda nos ganhos durante a pandemia. Um terço dos trabalhadores (34%) ganham em torno de um salário mínimo (R$ 1.045).

Queima dos apps

Além do boicote no dia da greve, os consumidores também podem colaborar com a luta dos entregadores atribuindo a menor nota aos aplicativos nas lojas virtuais. E deixando comentários para denunciar a exploração dos trabalhadores.

Em 1º de julho, durante a primeira paralisação, os principais aplicativos receberam 53.411 avaliações – em 98% os usuários atribuíram apenas uma estrela, e deixaram críticas ao modelo de negócios adotado por essas empresas.


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