Começa a campanha

Bancários formalizam entrega da pauta e iniciam negociações com a Fenaban

Campanha envolve 453 mil trabalhadores. Aumento real, saúde e manutenção de direitos são prioridades

Anju
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Assembleia do setor privado aprovou acordo em 2018, que garantiu 5% de aumento

São Paulo – O Comando Nacional dos Bancários formalizou nesta quinta-feira (23) a entrega da pauta de reivindicações da categoria aos negociadores da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Representantes dos trabalhadores e dos bancos se reuniram por meio de videoconferência, da mesma forma como havia sido aprovada a minuta, após conferência nacional dos bancários e assembleias pelo país. A primeira reunião deverá ser realizada na semana que vem.

Aumento real (acima da inflação), manutenção de direitos, melhores condições de trabalho e defesa da saúde são algumas das prioridades da campanha. A escolha foi feita pelos próprios trabalhadores, após consulta com quase 30 mil bancários. O ganho real apareceu em 71% das respostas. A negociação envolve 453 mil funcionários, com data-base em 1º de setembro, sendo 130 mil na base do sindicato de São Paulo, Osasco e Região.

“É a primeira vez que fazemos campanha em meio a uma pandemia, na proporção que essa crise tem, agravada no Brasil com a ausência de uma coordenação nacional. Temos mais de 82 mil mortes e isso não é normal”, afirmou no início da reunião a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional. “Quero prestar a nossa solidariedade às famílias das vítimas dessa pandemia, com destaque especial para as famílias dos bancários e bancárias.”

Consulta virtual

Ela destacou a construção da pauta e da própria campanha. “Foi um processo muito rico, que envolveu muita gente em todos os estados, em assembleias, conferências regionais, estaduais e nacional, feitos de forma virtual, respeitando o distanciamento. Fizemos uma consulta com quase 30 mil bancárias e bancários na qual percebemos quais as reivindicações e as maiores preocupações da categoria”, lembrou Juvandia.

O emprego segue sendo uma questão importante no debate. De acordo com os bancários, de janeiro a de 2013 a dezembro de 2019 houve perda de 70 mil postos de trabalho no país. Por outro lado, de 2004 e 2017 a categoria conquistou aumento real , acumulado, de 23%, índice que chegou para 45% no piso.

Crise? Lucros crescem

Em 2018, foi fechado acordo por dois anos. O reajuste somou 5%, com 1,31% de ganho real naquele ano e 1% no seguinte, incluindo verbas. Todas as cláusulas da convenção coletiva de trabalho foram mantidas.

Os líderes bancários lembram que, mesmo na crise, o setor segue acumulando lucros. Em 2019, as cinco maiores instituições (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander) somaram R$ 108 bilhões, aumento de 30,3%. Apenas no primeiro trimestre deste ano, o lucros dos bancos atingiu R$ 18 bilhões.

Entre as cláusulas sociais, a resposta mais frequente foi manutenção dos direitos: 79,7%. Em seguida, saúde e melhores condições de trabalho figuraram com 69,1%. Para 78,9% a defesa dos bancos públicos é um tema considerado muito importante.

Custo do teletrabalho

“Este ano é fundamental discutir cláusulas para regular o trabalho home office para estabelecer, entre outras coisas, que os custos do teletrabalho sejam arcados pelos bancos, assim como o fornecimento dos equipamentos de trabalho e ergonômicos”, afirmou a presidenta do sindicato de São Paulo, Ivone Silva, que também integra a coordenação do Comando Nacional. “Não vamos aceitar também que sejam retirados direitos dos trabalhadores que cumprirem suas funções em suas casas”, acrescentou.

Em relação à pandemia, 51% dos entrevistados disseram que não contraíram o vírus da covid-19, enquando 44,2% não sabiam. Já 3% afirmaram ter contraído e 1,8% também responderam que sim, embora não tenham feito o teste.

Os bancários puderam participar, virtualmente, da entrega da pauta. O Comando Nacional usou um aplicativo, manif.app, desenvolvido por sindicalistas franceses. O dispositivos já havia sido usado durante ato recente das centrais sindicais em Brasília, diante do Ministério da Economia.

O Comando Nacional questionou a ausência do representante da Caixa Econômica Federal na reunião de hoje. De acordo com o diretor de Políticas e Relações Trabalhistas da Fenaban, Adauto de Oliveira Duarte, a representação patronal não estava em nome dos bancos, mas da comissão de negociação. O integrante da Caixa foi chamado para outra reunião. Os bancários afirmaram que vão pedir novo encontro, para entrega de pauta específica.


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