Greve próxima

‘Política é ferramenta de transformação’, diz representante dos entregadores por aplicativo

Paulo Lima, o Galo, diz que “ricos fazem trabalhadores odiarem a política”. Ele participa dos preparativos para a greve dos entregadores em 1º de julho

Reprodução/TVT
Reprodução/TVT
Sem vínculos nem direitos, trabalhadores de entragas por aplicativos lutam por melhores condições para exercer a atividade

São Paulo – Os entregadores de aplicativo preparam greve nacional para o próximo dia 1º de julho, por melhores condições de trabalho para a categoria. O movimento é autônomo, sem relação com partidos políticos e sindicatos. Também congrega diversas orientações políticas. Mas, segundo Paulo Roberto da Silva Lima, o Galo, dos Entregadores Antifascistas, a categoria precisa “se apoderar” da política.

“Para nós, entregadores antifascistas, a política é uma ferramenta de transformação para empoderar o trabalhador. A gente quer mostrar isso para os companheiros. É uma ferramenta que a gente tem que se apoderar para se empoderar”.

Ao repórter Jô Miyagui, para o Seu Jornal, da TVT, nesta segunda-feira (22), Galo alertou que a antipolítica é um “discurso vendido pelos ricos” para fazerem os mais pobres se desinteressarem pelo tema. Outra falácia, segundo ele, diz que os entregadores são “empreendedores“. Ou, ainda, que a função serviria para garantir uma renda extra.

“Isso é tudo mentira, sabendo que as pessoas vão cair para dentro disso como se fosse o único meio de vida delas. Porque realmente é”. Da mesma forma, ele diz que as empresas que controlam os aplicativos se aproveitam das altas taxas de desemprego, principalmente em países em desenvolvimento.

Os entregadores mantêm conversas com colegas de países como Argentina, México, Chile e Costa Rica, entre outros e a possibilidade de uma greve da categoria em nível internacional é real.

Reivindicações

Os entregadores querem aumento no valor mínimo por entrega e no pagamento das corridas e que as empresas arquem com os custos dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Em segundo lugar, reivindicam licença remunerada para os trabalhadores que forem contaminados durante a pandemia.

Pedem, ainda, o fim das regras e do sistema de pontuação, que levam trabalhadores a serem penalizados e excluídos das plataformas indevidamente e sem chance de revisão. Ademais, a pauta inclui seguro contra roubo, acidente e de vida.

Galo também defende um vale-refeição para os entregadores. “Não dá para a gente trabalhar, carregando comida nas costas, com fome. Isso mexe com o psicológico. Nossa luta é para fazer que os aplicativos garantam café da manhã, almoço, lanche da tarde, janta e lanche da madrugada para o entregador que trabalhar nesses períodos.”

Apoio

Por prestarem serviço sem carteira assinada, os entregadores por aplicativos não são representados pelo sindicato dos motofretistas, os motoboys. Mas o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas do Estado de São Paulo (SindimotoSP) apoia a mobilização.

O presidente do SidimotoSP, Gerson Silva Cunha, afirma que há legislações federais e municipais que regulamentam os direitos e deveres das empresas e dos entregadores. No entanto, corporações como iFood, Rappi e Uber e outras desrespeitam a legislação, contando com a cumplicidade da falta de fiscalização. Além disso, ele conta que a categoria vem sofrendo as consequências da precarização, desde 2015, quando os aplicativos de entrega começaram a operar na capital paulista.

Assista à reportagem:

Redação: Tiago Pereira – Edição: Fábio M. Michel