São Paulo

Metrô pode ter greve amanhã se Doria não rever ataques aos trabalhadores

Governo tucano aproveita momento de pandemia, nega prorrogação de acordo e retira direitos dos com trabalhadores, que votam greve hoje

Rovena Rosa/EBC
Rovena Rosa/EBC
Governo Doria aproveitou a pandemia para retirar direitos dos trabalhadores metroviários, que prometem greve para amanhã

São Paulo – Os metroviários de São Paulo podem entrar em greve nesta quarta-feira (1º) se a direção do Metrô insistir em manter os ataques aos direitos trabalhistas da categoria feitos nas últimas semanas. A decisão será tomada hoje, a partir das 21h30, em assembleia.

Mesmo em meio à pandemia do coronavírus, o governo João Doria (PSDB) se negou a prorrogar o acordo coletivo de trabalho (ACT) e quer retirar vários direitos conquistados ao longo dos anos. Além disso, mesmo sem a conclusão da campanha salarial, o Metrô já aplicou os cortes e reduziu os recebimentos dos trabalhadores no pagamento feito esta semana.

Os metroviários não reivindicam sequer reajuste salarial – apenas a manutenção do acordo firmado no ano passado. Esgotadas as negociações, resta o recurso da greve para garanti-lo. O Metrô quer reduzir o adicional sobre as horas extras de 100% para 50% e o adicional noturno de 50% para 20%, eliminar o auxílio-transporte e o adicional de risco de vida dos trabalhadores de bilheterias e seguranças, reduzir a gratificação de férias de 70% do salário efetivo para 33% e a contribuição da empresa para o plano de saúde de 84% para 70% da mensalidade.

Além disso, a companhia não propõe reajuste para salários e benefícios. E também quer mudar novamente a data de pagamento, além de alterar ou mesmo retirar outros direitos previstos no acordo coletivo. Ao todo, 18 itens seriam retirados e os benefícios seriam reduzidos em outros 11, segundo a proposta do Metrô. A proposta de greve é contra esses cortes.

Sem acordo

Ontem (29), foi realizada uma nova reunião entre empresa e trabalhadores, mas o Metrô se mostrou intransigente. Na tarde desta terça-feira (30), metroviários e diretores da companhia se reuniram em audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). Os trabalhadores se encontram em estado de greve desde a última sexta (26).

“Os metroviários são trabalhadores essenciais, não pararam durante a pandemia, prestando um serviço fundamental à população, especialmente para outras categorias essenciais no combate ao coronavírus. Por isso, estão mais expostos, cada dia mais são contaminados pelo vírus. Mesmo assim, Doria e o Metrô querem atacar os metroviários”, argumentam os trabalhadores.

A categoria lembra ainda que o governo Doria não garantiu sequer equipamentos de proteção individual (EPIs) aos funcionários para uso durante a pandemia, mesmo após várias denúncias e ações judiciais do Sindicato dos Metroviários. Logo que a reabertura do comércio e dos serviços foi autorizada por Doria, o Metrô convocou profissionais com mais de 60 anos para voltar ao trabalho.

O sindicato registrou 123 trabalhadores contaminados pelo coronavírus, outros 76 casos suspeitos e 83 afastados por contato. Até agora, um trabalhador que estava na ativa morreu.

Edição: Fábio M. Michel


Leia também


Últimas notícias