Lanche infeliz

McDonald’s: sindicatos denunciam na OCDE assédio sexual em sete países

Denúncia inclui toques indesejados e ofertas sexuais e até câmera oculta nos vestiários. Quando denunciados à empresa, casos eram ignorados ou ridicularizados, dizem entidades

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Empresa Arcos Dorados, que controla o McDonald's no Brasil, não se manifestou sobre as acusações

São Paulo – Sindicatos de Brasil, Austrália, Chile, Colômbia, França, Reino Unido e Estados Unidos se uniram para apresentar nesta segunda-feira (18) à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) denúncias de assédio sexual sistêmico contra a rede americana de fast food McDonald’s. No Brasil, o documento encaminhado ao Dutch National Contact Point (NCP) – órgão responsável por observar as diretrizes da OCDE para multinacionais – mostra que o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebeu 23 queixas com sérias indicações de assédio moral, sexual e discriminação racial nas lanchonetes da rede. As denúncias incluem toques indesejados, provocações verbais e outras más condutas dos supervisores.

Assinam a denúncia a centra brasileira UGT, a União Internacional de Trabalhadores da Alimentação (International Union of Foodworkers), a Federação Europeia de Sindicatos da Alimentação, Agricultura e Turismo (European Federation of Food, Agriculture and Tourism Trade Unions) e o Sindicato Internacional de Trabalhadores em Serviços (SEIU, dos Estados Unidos e Canadá).

Também são alvos da representação os bancos de investimento APG Asset Management (Holanda) e Norges Bank (Noruega), que, juntos, detêm participação de US$ 1,7 bilhão no McDonald’s e teriam fracassado em constatar os crescentes casos de abusos em seus sistemas monitoramento interno e externo. “Trata-se de um alarmante e inaceitável padrão de assédio sexual e racial nos restaurantes McDonald’s no Brasil, que agora sabemos que ocorre também em várias outras partes do mundo”, afirmou o presidente da UGT, Ricardo Patah.

Mundo afora

Nos Estados Unidos, segundo as organizações, trabalhadores de 16 anos acusaram supervisores de conduta imprópria, incluindo tentativa de estupro, exposição indecente, toques indesejados e ofertas sexuais. As mulheres disseram ter sido ignoradas, ridicularizadas ou punidas quando denunciaram os casos à empresa.

Na França, um gerente do McDonald’s teria instalado uma câmera de celular no vestiário feminino, para filmar secretamente jovens trocando de roupa.

Segundo a denúncia, a rede de lanchonetes ignorou as diretrizes da OCDE ao se recusar a envolver os trabalhadores e seus representantes para abordar o assédio sexual e o assédio de gênero em suas lojas. A empresa Arcos Dourados, que controla o McDonald’s no Brasil, não se manifestou sobre as acusações.

Histórico

Além da denúncia por abuso sexual sistêmico, o McDonald’s tem longo histórico de exploração dos trabalhadores em todo o mundo. Em março, funcionários das lanchonetes nos estados da Flórida, Tennessee e Missouri, realizaram greve para denunciar os baixos salários e a falta de condições em meio à pandemia de coronavírus. O estopim foi quando os supervisores proibiram a utilização de máscaras.

No Brasil, os trabalhadores do McDonald’s realizaram uma marcha, em abril de 2016, na Avenida Paulista, centro de São Paulo, para exigir direitos trabalhistas. Eles denunciaram o acúmulo de função, falta de equipamentos de proteção individual, assédio moral e salários inferiores ao mínimo.


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