Itabira

Fiscais do Trabalho interditam três minas da Vale após registros de coronavírus

De acordo com os auditores, até segunda-feira havia quase 200 trabalhadores infectados. Empresa recorreu e garantiu manutenção

Reprodução
Reprodução
Região da mina do Cauê, em Itabira: preocupação constante

São Paulo – Diante de várias ocorrências de coronavírus, auditores-fiscais do Trabalho interditaram ontem (27) as minas de Cauê, Conceição e Periquito, da Vale, no município mineiro de Itabira. Segundo o Sinait, sindicato da categoria, “a fiscalização identificou várias irregularidades que propiciavam a disseminação do novo coronavírus no ambiente laboral”. 

A empresa informou que, após tomar conhecimento do termo de interdição pela Superintendência Regional do Trabalho, recorreu à Justiça. E conseguiu liminar na 2ª Vara de Itabira, determinando manutenção das atividades.

De acordo com os fiscais, até o meio-dia de segunda-feira (25), quando a operação começou, havia quase 200 trabalhadores com diagnóstico positivo. Isso significa aproximadamente 9% dos funcionários testados, acrescentam.

Ao considerar que a situação coloca trabalhadores da Vale e terceirizados em “situação de grave e iminente risco, foi determinada a interdição de todo o complexo minerador até que medidas adicionais para conter a disseminação do vírus entre os trabalhadores sejam implementadas”. Entre essas medidas, estão testagem de todos os trabalhadores, implementação de um programa de vigilância epidemiológica e melhorias nas medidas de distanciamento social.  

A empresa já havia montado postos de atendimento para aplicar testes, nas três minas, atendendo 15 funcionários de cada vez. Procurada por meio da assessoria de comunicação, a Vale não deu retorno até o fechamento deste texto.

Testes preocupam

Na última quinta-feira (21), o presidente do Metabase (sindicato que representa a categoria), André Viana, informou que até as 13h daquele dia a Vale havia realizado 642 testes – e 81 haviam testado positivo. “Temos até agora, em apenas três dias de testes, 12,6% dos trabalhadores infectados com o vírus. Infelizmente, se a projeção continuar, no próximo ciclo de testes deveremos ter, cerca de 900 funcionários da Vale e das empresas terceirizadas infectados. Não quero ser alarmista, apenas precavido”, afirmou, durante entrevista coletiva.

Há pouco mais de um mês, a Vale acionou protocolo de emergência em um dique da mina Cauê. Segundo a mineradora, o procedimento era preventivo e não havia necessidade da retirada dos moradores no entorno da barragem. 

A economia local gira em torno da empresa. Foi em Itabira, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, que a Vale iniciou suas atividades, em 1942. É também a terra do poeta Carlos Drummond de Andrade, que citou a companhia em sua obra.