Assembleia virtual

Trabalhadores da Embraer também aprovam redução de salário e jornada

Sistema começa na próxima quarta-feira. Sindicato critica manutenção de mais de mil funcionários na fábrica

Sind. Metalúrgicos SJC
Sind. Metalúrgicos SJC
Quase 6 mil funcionários votaram, e mais de 90% concordaram com a proposta, criticada pela Sindicato dos Metalúrgicos

São Paulo – Os trabalhadores na Embraer em São José dos Campos, interior paulista, aprovaram proposta de suspensão dos contratos, com redução de jornada e salário. A exemplo de outras empresas na base do Sindicato dos Metalúrgicos da região, como a General Motors, a decisão foi tomada por meio de “assembleia virtual”, com votação por meio do site da entidade.

Dos aproximadamente 7.400 funcionários, 5.955 votaram. Destes, 5.485 (92,11%) foram a favor da proposta, 353 (5,93%) se posicionaram contra e 117 (1,96%) optaram pela abstenção. O processo começou na terça (14) e foi até o início da tarde desta quinta-feira (16). O sistema começa na próxima quarta-feira (22).

“O alto índice de participação (mais de 80%) demonstra a confiança que os trabalhadores têm no sindicato e no processo de organização da assembleia”, afirma o diretor da entidade André Luis Gonçalves, o Alemão. O Sindicato dos Metalúrgicos foi contra a proposta, destacando dois itens.

O primeiro é a manutenção de mais de mil funcionários em duas fábricas. “Neste momento em que o isolamento social é uma questão de vida ou morte, é inaceitável que a Embraer insista em manter trabalhadores na fábrica. O sindicato já enviou carta ao governo do estado e se reuniu com o prefeito de São José dos Campos para exigir medidas mais rígidas de isolamento em empresas que não são essenciais”, disse Alemão.

Demissões

O segundo ponto é a redução salarial, que de acordo com o sindicato varia de 17,5% a 36,36% do salário líquido. Para os que ficarem em home office, o corte será de 25%.

Os metalúrgicos afirmam que, além da suspensão de contratos, a Embraer está cancelando pedidos para fornecedores de peças. Com isso, algumas empresas já começaram a demitir.

“A Embraer está sendo irresponsável ao manter mais de mil trabalhadores nas fábricas. Estamos passando por um grave momento que deveria ser respeitado por todos, e não é o que estamos vendo por parte da Embraer. Além disso, a empresa está colocando seus funcionários em uma situação financeira bastante crítica, com os cortes salariais. Tudo isso apenas para garantir os lucros dos acionistas. O sindicato já havia se manifestado contra a proposta, mas vai seguir sua tradição de respeitar a decisão tomada pelos trabalhadores em assembleia”, acrescentou o diretor Herbert Claros.

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