Sem aglomeração

Apesar de restrições, agências da Caixa lotam e preocupam bancários

Funcionários propõem medidas como agendamento prévio para facilitar atendimento ao público

Apcef-SP
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Bancários alertam que para cadastramento do auxílio emergencial não precisa ir a agência: nada de fila

São Paulo – Mesmo com restrições à circulação de pessoas, devido à pandemia de coronavírus, agências da Caixa Econômica Federal têm registrado filas e causado preocupação aos bancários. Em São Paulo, a Associação de Pessoal da Caixa (Apcef) diz estar recebendo relatos diários desse problema, além de falta de material adequado para atendimento ao público, como luvas, álcool gel e máscaras.

A associação lembra que, devido à pressão das representações da categoria, o banco adotou várias medidas, como teletrabalho, com 70% dos empregados em agências em regime de home office e os demais, seguindo escala semanal. “No entanto, a Caixa ainda precisa tomar outras providências para proteger a saúde dos empregados que permanecem nas agências, terceirizados e da população”, acrescenta, citando alerta de um funcionário em rede social: “Bancário não é imune, temos família e pessoas em situação de risco em casa”.

Apesar de priorizar atendimento por meio digital, com atendimento presencial apenas de serviços considerados essenciais, nem sempre isso acontece, afirmam os bancários. “A projeção é que o cenário piore ainda mais com os pagamentos dos auxílios emergenciais ainda a serem sancionados pelo governo”, diz ainda a associação, acrescentando que, segundo funcionários da Caixa, há pessoas que entraram na fila apenas para receber quando receberá o fundo recém-aprovado no Congresso. Por isso, os bancários propõem que isso seja feito por meio digital, além de efetivo agendamento para que a população seja atendida.

Salários e benefícios

Em Recife, o Sindicato dos Bancários de Pernambuco também tem observado aglomerações em agências, em bancos públicos e privados. “A concentração de pessoas é justificada com a data do pagamento de salários dos servidores municipais e estaduais e de alguns benefícios sociais. Além disso, as agências também estão regulando a entrada dos clientes, sendo permitido apenas um pequeno grupo por vez. Enquanto aguardam atendimento, as pessoas da fila precisam esperar do lado de fora, no sol ou na chuva”, diz a entidade.

A presidenta do sindicato, Suzineide Rodrigues, defende o sistema de agendamento prévio, para evitar filas. “É importante que os bancos implantem um sistema eficiente de controle de acesso, para controle exclusivo de quem tiver agendado. Os bancos também estão querendo que as pessoas liguem e agendem. A gente também tem que criar um novo hábito de ir aos bancos nesse tempo de coronavírus”, afirma.

No Rio de Janeiro, a Justiça autorizou atendimento presencial a idosos, segundo informou a Defensoria Pública do Estado, que fez o pedido ao lado do Ministério Público fluminense.

A Justiça autorizou, em caráter liminar, o atendimento presencial aos idosos nos bancos conforme requerido, em caráter de urgência, pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) e pelo Ministério Público estadual (MPRJ). “A decisão também leva em consideração a dificuldade encontrada por grande parte das pessoas com mais de 60 anos em fazer operações on-line e nos caixas eletrônicos, e ressalta que algumas nem computador têm”, diz a Defensoria.

“Muitas pessoas idosas têm por hábito sacar na boca do caixa a integralidade do seu salário ou benefício logo que o mesmo é depositado, porque não confiam ou não sabem operar os caixas eletrônicos”, diz o coordenador do Núcleo Especial de Atendimento à Pessoa Idosa da Defensoria (Neapi), Pedro González. “Sem o atendimento presencial, essas pessoas ficariam sem acesso aos proventos necessários à sua subsistência. Por isso, a previsão de um horário diferenciado para atendimento aos idosos é a medida mais adequada nesse período e não a proibição total.”