Em SP, emprego em jogo

No meio da crise, Caoa Chery fecha e demite 59 em São José. Fábricas anunciam férias coletivas

Segundo sindicato, empresa do interior paulista passará a importar motores. “Empresas têm que assumir responsabilidades.” Em Diadema, no ABC, metalúrgicos tentam evitar fechamento

Sind. Metalúrgicos SJC
Sind. Metalúrgicos SJC
Empresa anunciou fim da produção e dispensa de 59 trabalhadores em Jacareí

São Paulo – A Caoa Chery anunciou o fim de sua fábrica de motores (Powertrain) em Jacareí, no Vale do Paraíba, interior paulista, e a demissão de 59 funcionários. “Os cortes colocam os trabalhadores numa grave situação de desemprego justamente no momento em que mais precisam de estabilidade, salário e plano de saúde, com a proliferação do coronavírus no país”, protestou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região.

Segundo a entidade, o total de demissões representa 10% da mão de obra da montadora, que somava 540 empregados no município. As dispensas atingem pessoal da produção e administrativo. “Apesar de ser uma das montadoras que mais crescem no Brasil, a Caoa Chery argumenta que os cortes são resultado da perspectiva de queda na produção”, diz o sindicato, que vinha procurando a empresa desde o final do ano passado.

“Esta medida é uma irresponsabilidade diante da pandemia do novo coronavírus e da necessidade absoluta da classe trabalhadora ter seus empregos e direitos garantidos”, afirma o sindicato.

“Não podemos aceitar demissões num cenário em que a população mais precisa de seus empregos e planos de saúde. As empresas têm de assumir suas responsabilidades diante dessa crise”, diz o diretor do sindicato Guirá Borba de Godoy Guimarães. A entidade vai pedir medidas do poder público.

A fábrica de Jacareí produz os modelos Arrizo 5 e Tiggo 2. Segundo o sindicato, “já está se preparando para iniciar a produção do Arrizo 6”. Com o fechamento da Powertrain, os motores serão importados da China.

Em Diadema, no ABC paulista, os funcionários da BCS tentam resistir ao fechamento da fábrica, anunciado no dia 9. De acordo com o jornal Tribuna Metalúrgica, na última sexta-feira (13) o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC se reuniu com a consultoria contratada pela empresa , que ofereceu um pacote de indenização, rejeitado ainda na mesa de negociação.

“Primeiro vamos insistir nas negociações para que a planta se mantenha em funcionamento com empresas interessadas na compra”, afirmou o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão. “Se a BCS não quiser (ficar), ela que explique o motivo. No mínimo, a BCS deve respeito a vocês. Vencida essa etapa, vamos lutar por uma indenização decente.”

Férias coletivas

Com a perspectiva de prolongamento da crise, algumas empresas começaram a dar férias coletivas, caso das montadoras de veículos. Ainda em São José, a General Motors informou o sindicato que haverá férias “parciais e totais” do próximo dia 30 de março até 12 de abril. Os metalúrgicos queriam parada imediata. 

Já o sindicato da categoria no ABC informou que a Volkswagen, de São Bernardo, protocolou preventivamente aviso de férias coletivas, a partir do próximo 31, por 10 dias. Outras empresas devem anunciar a medida nos próximos dias.

A Mercedes-Benz dará férias coletivas por período maior, a partir da próxima quarta-feira (25), em suas quatro fábricas no país, somando 10 mil trabalhadores. O retorno está previsto para 22 de abril, mas pode mudar, conforme a conjuntura.

 


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