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Prefeito Covas exclui trabalhadores de plano de desenvolvimento econômico

Prefeito anunciou que convidou entidades para dialogar sobre o plano, mas nenhum sindicato recebeu qualquer convite

Arquivo EBC/ABr
Arquivo EBC/ABr
Trabalhadores informais, como camelôs e motoristas de Uber, vivem um dilema entre o risco de contaminação e a perda da renda familiar

São Paulo – O governo do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou no início deste mês que vai desenvolver um plano de desenvolvimento econômico para a capital paulista. A proposta é que a prefeitura promova ações que estimulem o desenvolvimento econômico sustentável, inclusivo e competitivo do município para os próximos 10 anos. No entanto, a prefeitura excluiu os representantes dos trabalhadores da elaboração do plano. Nenhum sindicato foi convidado a discutir a proposta, embora a prefeitura informe que já está realizando reuniões com “presas, instituições, entidades e associações desses setores, que representam cerca de 70% da população empregada em São Paulo”.

A RBA procurou diversos sindicatos de trabalhadores de diferentes setores, bem como centrais sindicais. Nenhuma delas foi convidada a participar das discussões do plano de desenvolvimento econômico da cidade. A gestão Covas também não informou quais entidades e instituições convidou para participar do processo.

No lançamento da proposta, o prefeito disse que a ideia é buscar um crescimento econômico que crie emprego e renda, mas que reduza as “distâncias sociais”. :”Não buscamos qualquer crescimento. Buscamos um crescimento que seja sustentável, que respeite o meio ambiente, que pense no social, e que esteja alinhado com o outro plano que a cidade vai entregar em junho, que é o de ações de mudanças climáticas para que a cidade seja neutra em emissão de carbono até 2050″, divulgou.

O plano, segundo a prefeitura, terá quatro eixos: estudo das vocações econômicas e tendências; diagnóstico das percepções da sociedade civil; diretrizes e recomendações estratégicas, em que serão identificadas as potencialidades e indicadores; e concessões de estímulos e incentivos econômicos, com uma estratégia consolidada de como estimular o desenvolvimento econômico da capital. A participação da população em geral, com eventuais contribuições ao plano, poderão ser feitas virtualmente.

Para o presidente da CUT de São Paulo, Douglas Izzo, a proposta poderia representar um avanço importante para a cidade, mas “acaba sendo um processo manco”. “Como vai elaborar um projeto em benefício da cidade, se a prefeitura só conversa com uma parte da sociedade? Consultamos os sindicatos filiados à CUT estadual e ninguém foi convidado para essa discussão. A prefeitura vende isso como um processo democrático, mas exclui a maioria dos interessados, que são os trabalhadores”, disse Douglas.

Para o sindicalista, é fundamental que o projeto contemple propostas de descentralização do emprego, hoje concentrado na região central e sudeste da cidade – entre a região do Brás e a região de Santo Amaro, principalmente. “Os trabalhadores estão distantes dos empregos. Isso inclusive pode ser determinante em uma entrevista (de emprego). A prefeitura precisa construir caminhos para incentivar a descentralização do emprego, o que vai contribuir também para melhora na qualidade de vida das pessoas, na mobilidade urbana”, afirmou.

Além disso, Douglas defendeu que a prefeitura precisa considerar o momento econômico do país e as altas taxas de desemprego, contribuindo para o aumento do número de trabalhadores ambulantes. Desde o ano passado, a gestão Covas mobilizou um contingente de mil agentes de fiscalização para impedir a atuação dos camelôs. O prefeito também propôs um programa de regularização temporária, o Tô Legal, que cobra valores considerados muito altos pelos trabalhadores. “Em vez de reprimir, a prefeitura devia apoiar esses trabalhadores, oferecer alternativas, organizar o trabalho dos ambulantes”, concluiu.