12 dias de greve

Por negociação, petroleiros vão ao Congresso e ao TST

Representantes da categoria e sindicalistas foram recebidos pelos presidentes da Câmara e do Senado. Paralisação completa 12 dias e atinge 108 unidades da Petrobras

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Representantes dos petroleiros e deputados com presidentes da Câmara e do Senado

São Paulo – Com a categoria em greve nacional há 12 dias, representantes dos petroleiros foram a Brasília nesta quarta-feira (12) para conversar com líderes no Congresso e tentar alguma abertura de negociação com a Petrobras.

Ao lado do presidente da CUT, Sérgio Nobre, eles também foram ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), na expectativa de mediação do impasse. Os sindicalistas conversaram com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que teriam se comprometido a procurar o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a direção da estatal.

“Em um país que tenha o mínimo de democracia, esses tipos de conflitos têm que ser resolvidos na mesa de negociação. A Petrobras não pode fazer o que está fazendo, tomando medidas arbitrárias e autoritárias”, declarou o presidente da CUT.

A greve foi deflagrada, diz a Federação Única dos Petroleiros (FUP), por descumprimento do acordo coletivo e para evitar demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). De acordo com a FUP, a paralisação já atinge 108 unidades, sendo 50 plataformas, em 13 estados, com a participação de 20 mil trabalhadores.

Mesmo com uma comissão de negociação ocupando uma sala no edifício-sede da empresa, no Rio de Janeiro, a Petrobras não abriu negociação.

Recorreu ao próprio TST para pedir abusividade do movimento. Ganhou uma liminar, do ministro Ives Gandra, que determinou efetivo mínimo de 90%, fixando multas de até R$ 500 mil em caso de descumprimento. A Justiça do Trabalho no Rio negou pedido de desocupação da sede.

A FUP contesta alegação da empresa, segundo a qual o fechamento da Fafen é consequência do aumento da matéria-prima – que, segundo a entidade, é repassada à fabrica pela própria Petrobras.

O secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, também petroleiro, ressalta as consequências do fechamento da Fafen para a economia. “Não são só mil trabalhadores sem emprego. Esse número se transformará em 3, 4, 5 mil pessoas sem emprego, já que impacta diretamente no comércio e serviços da região.”

Petroleiros protestaram hoje em frente à TV Globo, no Rio, contra censura da mídia à greve da categoria (Foto: FUP)

A federação lembra ainda que a fábrica do Paraná não produz apenas fertilizantes, mas também ureia, enxofre, gás carbônico e metanol, usados nas indústrias farmacêutica e química, no setor de cosméticos e em ração animal. “Hoje, a Fafen é a única fábrica do país a produzir esses compostos.

A Fafen-Sergipe e a Fafen-Bahia foram arrendadas e não voltaram a produzir essas substâncias. E eles querem simplesmente fechar a Fafen-PR, não é nem vender. Com isso, vamos ficar totalmente dependentes do mercado internacional”, diz o diretor da FUP Gerson Castellano, que fala em “processo criminoso, de lesa-pátria”.