Petrobras

Greve dos petroleiros cresce em apoio e adesão, apesar da perseguição aos trabalhadores

Paralisação contra demissão de trabalhadores na Fafen-PR e o desmonte da estatal atinge 11 estados e deve receber a adesão de petroleiros embarcados nas plataformas

Reprodução/FUP
Reprodução/FUP
Segundo a FUP, política de desmonte, com privatização de refinarias, leva ao aumento dos preços dos combustíveis

São Paulo – A . Segundo O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT) João Antônio de Moraes, avalia que greve dos petroleiros entra no quarto dia nesta terça-feira (4) com reforço nas paralisações. Segundo a entidade, a mobilização atinge todo o território nacional e alcança inclusive sindicatos que não são ligados à CUT. A expectativa é que os petroleiros que trabalham embarcados nas plataformas também paralisem as atividades. Ele também destaca o apoio dos movimentos sociais.

Segundo levantamento divulgado pela FUP na noite desta segunda-feira (3), a paralisação dos petroleiros alcança 20 base operacionais em 11 estados. Os petroleiros querem a suspensão do fechamento e das cerca de mil demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), que fica Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e a instauração imediata de um processo de negociação com a empresa, pelo cumprimento do acordo coletivo de trabalho (ACT), além da revogação das medidas unilaterais tomadas pela gestão da empresa, que afetam, segundo a FUP, a vida de milhares de trabalhadores e suas famílias.

Nesta segunda-feira (3), a direção da Petrobras barrou a entrega de alimentos para os trabalhadores que compõem a Comissão Permanente de Negociação, que desde a sexta-feira (31) ocupam uma sala na sede da estatal, no Rio de Janeiro. De acordo com o Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), cerca de 30 petroleiros estão mantidos pela empresa em condições de cárcere privado na Refinaria Gabriel Passos, em Betim, também desde a última sexta-feira, impedidos de deixar o turno.

Moraes classifica essas ações como atitudes autoritárias por parte da direção da estatal, que refletem as posturas do governo Bolsonaro. “Acima de tudo, entendemos que esse ataque aos petroleiros é um ataque ao povo brasileiro. O governo Bolsonaro quer desmontar a Petrobras. Já causou muitos infortúnios à nossa população. Graças a essa política de privatização, que entrega o que pertence ao povo aos interesses estrangeiros, hoje o brasileiro paga caríssimo na gasolina, no gás de cozinha e no diesel. Como os petroleiros são um entrave à implementação dessa política, pois historicamente defendemos uma Petrobras a serviço do povo brasileiro, estamos sendo perseguidos e castigados”, afirmou Moraes aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (4).

Apoios

Segundo o diretor da FUP, movimentos sociais, a greve dos petroleiros contra demissões em massa e a privatização da estatal tem recebido amplo apoio de entidades fora do movimento sindical, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Durante a entrevista, ele também alertou a população que a paralisação não tem como objetivo causar o desabastecimento de combustíveis. “A consequência do modelo de desmonte empreendido pela atual direção da empresa é que o Brasil tem exportado petróleo cru e importado combustíveis refinados, situação absurda para um país que conta com imensas reservas e um parque de refino capaz de atender à totalidade do mercado interno˜.

No projeto de “desinvestimento” da atual diretoria da estatal, está prevista a privatização de oito refinarias, quatro delas em estágio avançado de negociação.

Ouça a entrevista na íntegra