Campanhas salariais

Petrobras apresenta oferta ‘final’ a petroleiros, com reajuste abaixo da inflação

Proposta feita ontem prevê reajuste equivalente a 70% do INPC. Sindicalistas vão avaliar os itens, e decisão caberá às assembleias

FUP
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Petroleiros e Petrobras voltaram à mesa de negociação ontem. Categoria vai avaliar nova proposta

São Paulo – Representantes dos petroleiros receberam mal a nova proposta da Petrobras – a terceira e “final”, segundo a empresa – para o acordo coletivo deste ano. Na semana que vem, dirigentes das federações Única e Nacional dos Petroleiros (FUP e FNP) vão avaliar os itens, antes de encaminhá-los às assembleias nas bases. A categoria tem data-base em 1º de setembro. Ontem (8), na parte econômica a companhia ofereceu reajuste equivalente a 70% do INPC acumulado em 12 meses, até agosto.

“A empresa mantém uma série de cortes de direitos, além de prever reajuste salarial abaixo da inflação. A FUP reúne seu Conselho Deliberativo no próximo dia 13, no Rio, para definir encaminhamentos”, informa a federação. “Há previsão de redução de horas extras, que só serão pagas quando a gestão entender conveniente, além de fim do mesmo percentual do engajado em regime especial para os empregados administrativos.”

Na proposta anterior, a Petrobras ofereceria 1% de reajuste. Agora, o índice aumentaria para aproximadamente 2,2%, considerando o INPC acumulado até julho – o deste mês será divulgado pelo IBGE em 6 de setembro.

Segundo os petroleiros, a empresa pretende também implementar a Resolução 23, de janeiro de 2018, que “estabelece diretrizes e parâmetros para o custeio das empresas estatais federais sobre benefícios de assistência à saúde aos empregados”. A resolução é assinada pelos então ministros do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil. Pela norma, não haveria mais plano de saúde para quem entrar na empresa e para quem se aposentar.

Que garantia?

A proposta apenas mantém o Programa Jovem Universitários, sem novas inscrições. Segundo os petroleiros, inclui ainda “o fim do apoio de adaptação da companhia para os trabalhadores que voltam após doença ocupacional ou acidente e o fim de hospedagem e diária para empregados em treinamento na sua lotação — além de retirada de cláusulas sobre organização sindical e redução do tempo de vigência do acordo para um ano”.

O coordenador da FNP, Adaedson Costa, disse que a proposta será avaliada “ponto a ponto”, mas adiantou que “não atende aos anseios da categoria”. Com a concordância do diretor da FUP Deyvid Bacelar, lembrando que a entidade também vai discutir a oferta da Petrobras e levá-la para votação em assembleias por todo o país.

“Hoje, a gestão da Petrobrás nos apresenta um acordo com vencimento de um ano. Se em seis meses de governo já perdemos a BR, vários campos do pré-sal, plataformas, oito refinarias estão oferecidas para venda, qual a garantia que um acordo como este nos dá? O que será dos trabalhadores em setembro de 2020?”, questiona a FUP. Para a federação, a proposta feita ontem é “a garantia para o mercado, que no final da validade do acordo, a empresa poderá ser vendida sem os empregados”.

 

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