Perseguição

Filiação partidária não é critério profissional interno, diz ECT

Empresa comentou "denúncia" de deputada bolsonarista sobre trabalhadores dos Correios filiados a partidos políticos. TST intermedia negociação salarial

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Em audiência na Câmara, ministro Marcos Pontes disse que não havia nada concreto sobre privatização dos Correios. Bolsonaro o desmentiu

São Paulo – Enquanto representantes dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e a ECT tentam um acordo na campanha salarial, em negociação intermediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), uma deputada do Distrito Federal, a partir de correspondência recebida no mês passado,  encaminhou “denúncia” à estatal que trata da presença de funcionários dos Correios filiados a partidos políticos de oposição (PCdoB, PDT, Psol e PT). A iniciativa provocou protestos por parte dos sindicalistas.

Procurada, a ECT diz que esse não é visto como um critério profissional. “Há normativo interno que disciplina o processo de designação de função nos Correios, observando critérios de meritocracia e experiência profissional, que são valores defendidos pela empresa. Aspectos relacionados a filiações político-partidárias não são objeto de apreciação para fins de designação ou de destituição de função”, afirma, em nota enviada pela assessoria de imprensa.

A Fentect, uma das federações que representa os trabalhadores da empresa que seu setor jurídico “já está tomando as medidas cabíveis para que a deputada Bia Kicis responda pelos atos incompatíveis com quem deveria zelar pela democracia”. Procuradora aposentada, a parlamentar é filiada ao PSL e bolsonarista de primeira linha.

“É preciso lembrar que o art. 5º da Constituição garante o direito à livre associação e que a Lei de Partidos Políticos apenas veda a filiação a militares, magistrados e membros dos Tribunais de Conta e Ministério Público. No entanto, não é possível dizer que se trata pura e simplesmente de ignorância, uma vez que a deputada é procuradora aposentada e deve conhecer bem as leis que regem este país. Preocupa, porém, que o PSL mantenha quadros que, na incapacidade de formular respostas para os reais problemas do Brasil se ocupem em tentar encenar a ditadura perseguindo, espalhando mentiras e atacando direitos democráticos”, afirma ainda a federação.

Ontem, representantes da Fentect e da Findect participaram de reunião no TST, para discutir o andamento da negociação – a categoria tem data-base em 1º de agosto. Em 30 de julho, em audiência realizada no tribunal, a ECT apresentou proposta de 0,8% de reajuste salarial, índice correspondente a 25% do INPC acumulado em 12 meses. Sua representação informou que a situação econômico-financeira dos Correios “é sensível, sobretudo no que diz respeito ao fluxo de caixa.

A campanha ocorre sob ataques do governo, além da “denúncia” de parlamentar. Na terça-feira, em audiência na Câmera, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, disse que não há “nada de concreto” a respeito de um processo de privatização dos Correios. Enquanto isso, durante evento em São Paulo, Jair Bolsonaro garantiu que vai privatizar a empresa.

 

 

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