Avanço

Sem proposta de Ratinho Jr. e após passeata com 30 mil, servidores do Paraná ocupam Assembleia

Greve tem adesão de cerca de 30 categorias profissionais, inclusive policiais, bombeiros e profissionais da saúde. Professores divulgam nota exigindo demissão de secretário, que saiu de férias em meio ao movimento

Luciano Palagnano/BdF
Luciano Palagnano/BdF
Após nova negativa do governo em avançar nas negociações, milhares de servidores em greve ocuparam nesta terça (9) a Assembleia Legislativa do Paraná

São Paulo – “Ratinho Junior, que vergonha, é o servidor que constrói o Paraná”, diziam os mais de 30 mil servidores públicos em greve que se reuniram em ato unificado na manhã da terça (9). À tarde, milhares de servidores ocuparam a Assembleia Legislativa. O governo tem dívida de reposição salarial com o funcionalismo de 17%, decorrente do congelamento de salários desde 2016. Além desta reivindicação, o movimento pede melhorias nas condições de trabalho para cerca de 30 categoriais profissionais, em greve desde 25 de junho.

Na semana passada, o governador do PSD apresentou uma proposta de reajuste imediato de 0,5% e de mais 2% a serem pagos a partir de janeiro. As propostas só fizeram o movimento crescer em protesto.

Uma caminhada até o Palácio Iguaçu teve à frente companheiras e familiares dos policiais que, por lei, não podem fazer greve. Izabel Neves, que segurava uma faixa com os dizeres “policial e bombeiro militar também têm que levar pão para sua família. Data-base já”, garantiu que não arredarão o pé enquanto o governador não apresentar uma proposta decente. “Quando ele (Ratinho Jr.) era deputado foi para cima da ex governadora (Cida Borghetti, do PP) que queria dar 1% e ele propôs e defendeu aumento de 2,5%. Por que agora ele, com a máquina na mão, oferece 0,5%. O que vamos fazer com isso?”, questiona Izabel. Para ela, o governador enganou o povo na campanha eleitoral. “Isso é promessa de campanha. Ele prometeu para mim, para o povo. E não está cumprindo.”

Enquanto a passeata chegava até a frente do Palácio, uma comissão de servidores conversava com representantes do governo, na terceira mesa de negociação dessa campanha. Outra reunião, em paralelo, ocorria na Secretaria de Educação, sobre demandas específicas dos professores.

Os servidores permaneceram aguardando o resultado das negociações até que foram informados de que não se chegara a nenhum avanço. Em seguida, radicalizando o movimento já que nenhuma proposta receberam do governo, milhares de trabalhadores entraram na Assembleia Legislativa, prometendo que só sairão de lá quando uma proposta viável aparecer.

Professores

O professor de História e representante da APP-Sindicato Fabiano Stoiev explica que ”as propostas apresentadas pelo governador não satisfazem os servidores, pois é uma defasagem salarial que tem prejudicado a vida dos trabalhadores”. “A situação é bastante grave, por isso a greve. Além disso, há um descaso por parte do Secretário da Educação com as nossas demandas”, acrescenta. No ato, muitas faixas denunciando que o secretário de Educação, Renato Feder, estava em férias e viajando, mesmo estando a categoria em greve, deram o tom de indignação dos professores.

Em nota, a APP-Sindicato pede sua demissão, por considerar que o secretário tem interesses mercadológicos, em vez de trabalhar pela educação. “Renato Feder, empresário, assumiu a Secretaria de Estado da Educação (Seed) em janeiro e não tem experiência com educação pública e quer estabelecer uma política empresarial nas escolas estaduais. A secretaria, sob seu comando, pretende realizar uma prova para contratação de professores (as) temporários e a APP-Sindicato denúncia que os custos deveriam ser investidos em realização de concurso público, já que são mais de 30 mil profissionais temporários atuando hoje somente na educação,” diz a nota.

Com reportagem do Brasil de Fato

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