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Função de cobrador de ônibus começa a ser extinta pela prefeitura de São Paulo

Administração determinou que novos ônibus inseridos no sistema de transporte a partir de setembro devem ter assento do auxiliar excluído

Avener Prado/Folhapress Via MobilidadeSampa
Avener Prado/Folhapress Via MobilidadeSampa
Ofício de cobrador assegura cerca de 20 mil empregos com salário médio de R$ 1.700 na cidade de São Paulo

São Paulo – A gestão do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), determinou que os novos ônibus que venham a ser colocados em operação no sistema de transporte da cidade não tenham o assento do cobrador, cuja função deve ser extinta nos próximos anos, de acordo com a nova licitação do transporte coletivo. Carta circular divulgada pela São Paulo Transporte (SPTrans) às empresas de ônibus, no último dia 11, orienta que os veículos tamanho Padron e Básico – veículos com mais de 12 metros, não articulados – já não devem mais ter o lugar do cobrador a partir de 2 de setembro.

A extinção da função de cobrador vem sendo estudada desde a gestão de Gilberto Kassab (2009-2012). O principal argumento da prefeitura é que o custo de manutenção do cobrador não se justifica pelo número de tarifas pagas em dinheiro no sistema: cerca de 5% do total de passagens. No entanto, esse percentual significa 12 milhões de passagens pagas em dinheiro por mês. No sistema local, em que operam cerca de 6 mil veículos, operado pelas empresas surgidas das antigas cooperativas, já não há atuação do cobrador desde 2014.

O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) demonstrou preocupação com a medida, que pode abrir caminho para o fim da função em todo o sistema. “Pegou a gente de surpresa. Não vamos aceitar a extinção dos cobradores. Não são profissionais que apenas cobram a tarifa, são agentes sociais, que ajudam no embarque de idosos e deficientes, orientam passageiros e auxiliam o motorista”, explicou o secretário-geral da entidade, Francisco Xavier, o Chiquinho. O sindicato vai pedir reunião com a prefeitura para discutir a medida.

Segundo Chiquinho, hoje existem cerca de 20 mil cobradores no sistema de transporte, com salário médio de R$ 1.700. Ele ressaltou que a principal preocupação é com o desemprego, já que não há como as empresas absorverem esse número de profissionais rapidamente. Além disso, a nova licitação prevê menos linhas e menos ônibus nas ruas.

O especialista em mobilidade urbana do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Calabria, concorda com o Sindicatos dos Motoristas sobre a importância do cobrador e avalia que o ideal seria reformular a função. “Várias cidades têm feito isso. Em nenhuma delas deu certo. Algumas cidades tiveram de voltar atrás, como Campinas, que já fez essa modificação algumas vezes. É uma visão deturpada de que é possível funcionar com o mínimo, então, pode excluir o cobrador. Mas as cidades ainda não contam com rede de revenda de crédito eficiente, principalmente na periferia, e as pessoas necessitam do auxílio dele”, afirmou.

Em nota, a SPTrans informou que a reciclagem dos cobradores ocorre de maneira natural nas empresas. “A SPTrans esclarece que não há nenhum plano de demissão dos profissionais que exercem a função de cobrador.  Com o avanço da tecnologia e cobrança automática das tarifas no transporte coletivo, esses profissionais já passam por programas de reciclagem nas empresas e são reaproveitados pelo sistema em outras atividades como: fiscalização, manutenção, administração entre outras”, diz o documento.

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