Dia de luta

Ato e pelada na Paulista marcam encerramento da greve geral em São Paulo

Trabalhadores, sindicatos, partidos políticos e até torcidas de futebol se unem para dizer "não" ao projeto da reforma da Previdência de Bolsonaro

RBA
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Futebol contra a reforma da Previdência teve clima tranquilo, mas de conscientização para os retrocessos na aposentadoria

São Paulo — Conforme o final da tarde se aproxima, a Avenida Paulista começa a reunir um grande número de manifestantes no ato que deve encerrar a greve geral, realizada nesta sexta-feira (14), em repúdio à proposta de “reforma” da Previdência do governo BolsonaroEnquanto o vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) já está praticamente todo ocupado por representantes de sindicatos, centrais sindicais e partidos políticos, integrantes dos movimentos de moradia e das frentes Povo sem Medo e Brasil Popular se concentram diante do prédio da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp). Torcidas de futebol que costumam defender a democracia também marcam presença na avenida, próximo à Rua Frei Caneca.

“Através do futebol, a gente consegue construir o ingresso da sociedade, para que ela se organize, se sociabilize, se respeite e inclua”, explica Leonardo José Carilo, integrante da Celeste Proletária, também chamada de Várzea Abcdina.

Para ele, os prejuízos que as mudanças na aposentadoria trarão são evidentes, pois as pessoas terão de trabalhar mais, ao mesmo tempo em que receberão um valor menor pela aposentadoria. “Isso é muito crítico. Cada vez mais, há o desmonte da Previdência. Temos que resistir a isso, porque isso compromete a classe trabalhadora. Essa dívida, quem está pagando, são os mais pobres”, afirma Carilo.

Em plena avenida símbolo da capital paulista, os manifestantes organizaram partidas de futebol, com gols um pouco maiores do que a bola. O clima foi fraternal, e o jogo inaugural foi encerrado com os coletivos Democracia Corintiana 0 x 3 Porcomunas. Segundo relatos, o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e ex-presidente do Palmeiras, teria tentado entrar em “campo”, mas acabou barrado pelo departamento médico. Foi uma maneira com espírito esportivo um dia de conscientização sobre os retrocessos na vida dos trabalhadores brasileiros, caso as mudanças na aposentadoria sejam aprovadas pelo Congresso Nacional.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, a greve geral realizada hoje foi positiva não só na capital paulista, como em todo o país. “A gente avalia que é uma greve com muito sucesso. É o primeiro passo para a gente derrubar definitivamente esse projeto do Bolsonaro que quer acabar com os aposentados.”

Ao se referir à idade mínima de 65 anos proposta pelo governo, o presidente do Sindsep alerta que o trabalhador será obrigado a viver mais, se quiser se aposentar. Ele destaca que na cidade de São Paulo, por exemplo, há grande diferença na expectativa de vida entre residentes dos bairros centrais e dos bairros periféricos. “As pessoas morrem antes dos 65 anos, não têm condições.”

*Com reportagem de Rodrigo Gomes

 

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