campanha salarial

Motoristas e cobradores da capital paulista descartam greve nesta sexta-feira

Categoria se reúne em assembleia na tarde de hoje para deliberar sobre plano de lutas e decretar estado de greve, podendo paralisar serviço na próxima semana

Eduardo Anizelli/Folhapress

Apesar do adiamento da greve, dificuldades na negociação deixam categoria pronta para paralisar serviço na próxima semana

São Paulo – Os motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista descartaram iniciar uma greve nesta sexta-feira (17). A categoria está em campanha salarial e se reúne em assembleia nesta quinta-feira, às 15h, para deliberar sobre plano de lutas e decretação de estado de greve, podendo paralisar o serviço a qualquer momento, na próxima semana.

Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial que recomponha a inflação do período (4,94%), mais aumento real de 3%, vale-refeição de R$ 27, participação nos lucros ou resultados (PLR) de R$ 2 mil, seguro obrigatório para cobertura de avarias nos veículos causadas por terceiros, garantia de emprego dos cobradores diante das alterações ocorridas na nova licitação – que prevê o fim da função –, entre outros itens.

Os trabalhadores rechaçaram a proposta do sindicato patronal, SPUrbanuss, que propôs reajuste salarial de 4,18% (abaixo da inflação do período), aumento de R$ 0,80 no vale-refeição, intervalo de almoço de uma hora sem remuneração, exclusão da PLR e jornada flexível. Já foram realizadas quatro reuniões, sem acordo. A data-base é 1º de maio.

Para o presidente interino do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, Valmir Santana da Paz, a proposta do SPUrbanuss é “vergonhosa” e pode levar os trabalhadores à greve. “Os patrões estão ‘rindo à toa’ com os lucros que terão na exploração do sistema de transporte público da capital paulista pelos próximos 20 anos. Então, o problema não é a falta de recursos, mas a falta de vontade de conceder o que é direito dos trabalhadores”, disse. A categoria espera que uma nova proposta seja apresentada antes da assembleia de hoje.

Sem concorrência, a nova licitação do transporte coletivo de São Paulo acabou vencida pelos mesmos empresários que atuam no sistema desde 2003 e com o valor máximo de remuneração. A margem de lucro proposta pela gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) ficou acima daquela definida pela auditoria ocorrida no sistema em 2014. Além disso, a gestão Covas reduziu a integração do Bilhete Único Vale transporte e aumentou o valor cobrado nessa modalidade para R$ 4,57, aumentando a receita. Essa mudança está sendo questionada na Justiça.

O SPUrbanuss já indicou que pode “judicializar” a campanha salarial dos motoristas e cobradores. “Nossa categoria não se intimida com ameaças e nem foge da guerra para defender seus direitos e empregos. Estamos unidos e preparados para fazer uma paralisação do sistema de transporte por ônibus da cidade de São Paulo a qualquer momento”, garantiu o presidente do sindicato. Na última segunda-feira (13), assembleias em garagens das zonas sul e leste atrasaram o início da operação de várias linhas.