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Afazeres domésticos agravam desigualdade de gênero no mercado de trabalho

Pesquisa do IBGE mostra que mulheres, desempregadas ou não, ainda são as principais responsáveis pelas tarefas do lar e no cuidado de pessoas na comparação com os homens, reforçando as desigualdades

Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

“Elas trabalham muito, mas sem reconhecimento econômico”, afirma diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio

São Paulo – A desigualdade na distribuição das tarefas domésticas e no cuidado de pessoas entre mulheres e homens agravam as restrições e a disparidade salarial enfrentadas pela população feminina no mercado de trabalho, de acordo com avaliação do diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, sobre pesquisa do IBGE indicando que as mulheres dedicam o dobro do tempo nos afazeres de casa, em relação aos homens. Em média, são 21,3 horas por semana, ante 10,9 horas exercidas pelos homens.

Uma situação desigual que também se repete no caso das mulheres que trabalham fora, cumprindo 8,2 horas a mais em obrigações domésticas do que com relação aos homens. “Elas trabalham muito, mas trabalham sem reconhecimento econômico”, afirma Clemente em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

De acordo com a pesquisa, estima-se que no ano passado 147,5 milhões de pessoas, 87% da população com 14 anos ou mais, realizaram tarefas domésticas e/ou cuidado de pessoas, mas a incidência é maior entre as mulheres, 93%, do que os homens, 80,4%,o que também ocorre entre a parcela de desempregados, com a população feminina trabalhando 11,8 horas a mais do que a masculina.

“Isso tudo traz para as mulheres restrições no acesso e dentro do mercado de trabalho, que acabam também repercutindo na remuneração menor do que os homens, em geral de 20% a 30%. Tudo isso vai mostrando as dificuldades que as mulheres têm na presença do mercado de trabalho e essa desigualdade em termos de responsabilidades com as tarefas domésticas e familiares”, avalia o diretor técnico.

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