Organização

Metalúrgicos reúnem-se com Mourão e descartam venda da Ford

Trabalhadores farão ato inter-religioso na semana que vem, enquanto aguardam resultado de encontro com direção mundial da montadora

adonis guerra / smabc

Passeata na fábrica da Ford do ABC, ontem: metalúrgicos vão se concentrar enquanto sindicato se reúne nos EUA

São Bernardo do Campo (SP) – Pela segunda vez em menos de um mês, o vice-presidente, Hamilton Mourão, vai receber sindicalistas ligados à CUT, desta vez da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para discutir o caso da Ford, que pretende fechar a fábrica de São Bernardo. O encontro será amanhã, às 9h. Nesta quinta-feira (28), plenária dos trabalhadores da montadora decidiu os próximos movimentos, que inclui um ato inter-religioso em São Bernardo daqui a uma semana, no dia 7, enquanto representantes dos metalúrgicos estarão reunidos com a direção da Ford nos Estados Unidos.

Durante a plenária, o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, comentou um possível interesse do grupo Caoa de adquirir a fábrica da Ford no bairro do Taboão, em São Bernardo. A empresa chegou a falar em “conversas” em curso. O dirigente lembrou que a Caoa é uma antiga parceira da Ford, mas já tem produzido veículos, em associação com a Chery e a Subaru. Ele avalia que o tema “desvia o foco” do que realmente importa neste momento.

“Para nós, essa conversa não interessa. Nosso interesse é manter os trabalhadores da Ford, com produtos Ford. Isso nos desvia do nosso objetivo”, afirmou Wagnão, que estará amanhã em Brasília com o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, e o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da central, Paulo Cayres. No início de fevereiro, o presidente cutista, Wagner Freitas, e o próprio Wagnão estiveram com o vice-presidente da República para falar justamente sobre o setor automobilístico, além da Previdência.

“Para nós, é um bom sinal, de preocupação. Nosso papel é buscar todas as instâncias que puderem ajudar. A Ford não esperava essa reação”, disse o sindicalista, que mais uma vez lamentou não ter sido recebido pelo governador paulista na semana passada, quando João Doria (PSDB) conversou com dirigentes da montadora. “O governo do estado engoliu a versão de que a empresa estaria garantindo todos os trabalhadores até novembro”, comentou Wagnão, lembrando que essa garantia já existia em acordo firmado em 2017.

Os metalúrgicos seguem insistindo em uma audiência com Doria, antes da viagem aos Estados Unidos. Já está marcada uma assembleia para 12 de março, às 7h, para detalhar os resultados da reunião com a Ford. “Se for negativo, temos de estruturar o tamanho da nossa reação.” Isso pode incluir paralisações em outras fábricas e em concessionárias. Na última terça, os metalúrgicos fizeram passeata pelas ruas de São Bernardo. Ontem, a passeata foi interna, na fábrica, com o bordão de “fica, Ford!”.

Os trabalhadores estão fazendo campanha nas redes sociais para que o consumidor não compre veículos da marca Ford pelo menos até o dia 7, quando acontece a reunião que pode ser decisiva para o futuro da fábrica. Em São Bernardo, depois do ato inter-religioso, haverá passeata do sindicato até a Praça da Matriz, na região central.

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