Desafio para 2019

Presidente da CUT defende diálogo com governo, mas prevê resistência

Vagner Freitas lembra que Bolsonaro também teve votos de trabalhadores, que devem ter seus direitos defendidos. Ele prepara encontro nacional das centrais para articular ações unitárias

Gibram Mendes / cut

Vagner Freitas no 1º de Maio em Curitiba: ‘Nós temos que estar juntos para poder representar e proteger os trabalhadores’

São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que a central vai procurar o governo Bolsonaro para tratar dos interesses dos trabalhadores, mesmo não havendo, neste momento, qualquer canal de diálogo. “Diferentemente do que fez com o [presidente Michel] Temer, que nunca foi eleito, o senhor Jair Bolsonaro, com todas as críticas que eu possa fazer, foi eleito presidente da República. E portanto nós vamos tratá-lo assim, como quem foi eleito, e vamos levar a nossa pauta de reivindicação dos trabalhadores para ser negociada”, afirmou, em entrevista ao jornal El País

O dirigente aproveitou a entrevista para esclarecer declaração dada em novembro, em Curitiba, sobre não reconhecer Bolsonaro como presidente. “Acho que o Bolsonaro foi eleito com medidas que enganaram a população que votou nele, [entre eles] muitos trabalhadores, não tenho dúvida nenhuma. Mas ele foi eleito, então nós vamos tratá-lo como presidente da República e vamos fazer a representação dos trabalhadores.”

Segundo ele, cabe ao movimento sindical proteger os direitos sociais e trabalhadores, sem considerar opção eleitoral de cada um. “O Brasil não tem 57 milhões de empresários. Obviamente que houve votos de trabalhadores que elegeram o Bolsonaro. Nós vamos representar esses trabalhadores, independentemente da opção político-eleitoral que eles fizeram.”

A proposta da CUT, acrescenta, é de que as centrais promovam um encontro nacional logo no início do ano, para aprovar uma pauta comum a ser apresentada ao novo governo. Uma pauta, diz Freitas, “que fala da não retirada de direitos, da manutenção da Previdência pública e geral como ela é hoje; da não privatização das empresas públicas; [uma pauta] que proporá uma mesa nacional de negociação permanente para os trabalhadores do setor público; que enfatizará a negociação no setor privado”. Assim, o governo terá a oportunidade de se manifestar. “Se ele vai nos ter como um interlocutor ou não, é uma decisão que ele vai tomar. Nós vamos procurar a interlocução.”

Na entrevista, o sindicalista fala ainda de reforma da Previdência, precarização, “reforma” trabalhista e o futuro das centrais sindicais. “Nós temos que estar juntos para poder representar e proteger os trabalhadores.”