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Bancos não apresentam proposta, e negociação vai continuar

Nova reunião foi marcada para terça-feira (7). No dia seguinte, bancários farão assembleias pelo país. 'Está nas mãos dos bancos resolver a campanha na mesa de negociação', diz sindicalista

Contraf-CUT

A pauta de reivindicações foi entregue há um mês e meio. Acordo expira dia 31

São Paulo – A expectativa era de que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentasse proposta de reajuste salarial nesta quarta-feira (1º), mas isso não aconteceu, e uma nova negociação ficou marcada para a próxima terça (7). No dia seguinte, os bancários farão assembleias pelo país para avaliar o andamento da campanha. “Está nas mãos dos bancos resolver a campanha na mesa de negociação, intenção anunciada por eles desde a primeira rodada de negociação”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, também integrante da coordenação do Comando Nacional dos Bancários.

Representantes da Fenaban e do Comando Nacional passaram o dia de hoje reunidos em São Paulo, na quinta rodada de negociação. Os trabalhadores lembram que a convenção coletiva só vale até o dia 31 deste mês, véspera da data-base, já que a ultratividade deixou de valer – por esse princípio, os itens de um contrato são mantidos até a renovação.

“Registramos a expectativa dos bancários de receber a proposta nesta quarta-feira, mas os representantes dos bancos disseram que só fariam proposta de reajuste na próxima semana. A negociação transcorreu debatendo ponto a ponto as cláusulas econômicas e de igualdade de oportunidades da pauta de reivindicações”, lembra Juvandia. 

A pauta de reivindicações foi entregue há um mês e meio, em 13 de junho. A reunião de hoje foi a quinta. As rodadas anteriores trataram de saúde, condições de trabalho e emprego. O setor patronal também não quis discutir garantia de emprego no setor. Os bancários afirmam que, apesar de lucros crescentes, os bancos seguem cortando pessoal.

Apenas no primeiro semestre, foram fechados 2.846 postos de trabalho no país, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, analisados pela subseção do Dieese na Contraf-CUT. Desde 2016, o setor eliminou mais de 40 mil vagas.

“O lucro dos maiores bancos brasileiros foi de R$ 79,4 bilhões em 2017, um crescimento real de 159,5% em relação a 2003. Apesar do crescimento real da remuneração dos bancários ter sido de 10,9% entre 2003 e 2016, o crescimento real do lucro dos bancos foi de 106,4%”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Ivone Silva, também integrante da coordenação do Comando Nacional.

De acordo com os bancários, a inflação acumulada em 12 meses está projetada em 3,88%, mas o índice pode aumentar. A categoria reivindica ganho real nos salários e demais verbas, como os vales alimentação e refeição. Os trabalhadores também querem rediscutir o formato de PLR, enquanto a Fenaban pretende manter a regra atual, que prevê pagamento de dois salários mais valor fixo com a distribuição de no mínimo 5% do lucro até atingir um teto fixado no acordo coletivo.

 

Presidenta do sindicato desmonta mitos sobre os bancos

Bancos diminuem seus lucros com a crise? Trabalhadores aumentaram sua participação no lucro dos bancos? As altas taxas de juros são consequência da inadimplência? O spread cobrado no Brasil é o mesmo praticado no resto do mundo? 

Em vídeo no portal Brasil 247, Ivone Silva, presidenta do Sindicato, responde essas perguntas e desvenda mitos sobre o sistema financeiro brasileiro. Confira: