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Bancários rejeitam proposta com direitos a menos. Negociação vai continuar

Fenaban oferece 0,5% de aumento real, e quer alterar pontos da convenção coletiva que reduzem direitos

Jailton Garcia/Contraf-CUT

Bancários afirmam apostar em solução negociada, mas alertam que proposta não contempla condições já decididas pela categoria

São Paulo – Depois de 10 horas de negociação, na oitava reunião com o Comando Nacional dos Bancários, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou nesta terça-feira (21) nova proposta, já rejeitada pelos representantes dos trabalhadores. Agora, a entidade patronal oferece 0,5% de aumento real (acima da inflação) na data-base (1º de setembro), mas mexendo na convenção coletiva. A negociação será retomada na quinta (23). Hoje continuam as conversas com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal.

Segundo a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, a proposta foi rejeitada ainda na mesa “porque tem retirada de direitos e em assembleias realizadas em todo o Brasil a categoria já afirmou que não aceita nenhum direito a menos”. Ela também considerou “insuficiente” a proposta econômica.

Entre os itens que os bancos querem alterar, está a participação nos lucros ou resultados (PLR), que deixaria de ser integral para bancárias em licença-maternidade e afastados por acidente ou doença. A proposta também mexe na cláusula que garante homologação nos sindicatos, na que proíbe a divulgação de ranking individual de desempenho e muda para pior a condição do vale-transporte.

Os bancários lembram que os cinco maiores bancos do país – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander – registraram no primeiro semestre lucro de R$ 41,9 bilhões, crescimento de 17,8% em relação a igual período do ano passado. “Os ativos dessas instituições, somados, bateram a casa dos R$ 6,2 trilhões no semestre. Um montante que supera, em muito, orçamentos como da Saúde (R$ 114,8 bi) e da Educação (R$ 109 bi) no Brasil para todo o ano de 2017”, diz a Contraf-CUT.

“Sejam quais forem os indicadores escolhidos – lucro, ganhos com tarifas, ativos, rentabilidade –, os dados dos balanços do primeiro semestre reforçam os de outros anos: crescimento do resultado dos bancos. E os bancários cobram sua parte em justas reivindicações como aumento real, PLR maior, respeito aos empregos e aos direitos previstos na convenção coletiva. Os bancos podem atender”, afirma Juvandia.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, também da coordenação do Comando Nacional, reitera que os sindicatos estão dispostos a negociar, mas alerta: “Se os bancos, que são o setor mais lucrativo do país, não quiserem valorizar os trabalhadores com aumento real, e insistirem na retirada de direitos, estarão empurrando os bancários para a greve. Não aceitaremos retirada de direitos”, reforça Ivone, lembrando condições já manifestadas pela categoria em assembleias e na Conferência Nacional, realizada em junho e que aprovou a pauta de reivindicações.

Veja análise das coordenadoras do Comando Nacional

 

 

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