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Negociação de bancários e bancos não avança e pode prosseguir neste sábado

Bancos insistem em aumento real de 0,5%. 'É absurdo o setor que mais lucra no Brasil querer pagar abaixo da média de 0,94% de outros setores', diz a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira

Júlio César Costa /contraf-cut

Juvandia e Ivone: sindicalistas cobram a manutenção da convenção coletiva, sem perda de direitos

São Paulo – As negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) entraram na madrugada deste sábado (25) sem acordo e podem prosseguir já no fim de semana. A entidade patronal insiste em 0,5% de aumento real, enquanto os trabalhadores afirmam que o setor pode garantir mais. Em nota, a Fenaban informou que “não se manifesta sobre as negociações ocorridas durante a campanha salarial”. As discussões específicas de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal aguardam uma definição do setor privado.

“É absurdo o setor que mais lucra no Brasil, com todos os indicativos dos balanços em alta, querer pagar aumento real de 0,5%, abaixo da média de 0,94% de outros setores bem menos lucrativos no primeiro semestre”, criticou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Os sindicalistas cobram ainda a garantia da ultratividade, para manter a convenção coletiva, sem perda de direitos, enquanto prosseguir a negociação. “Apostamos no processo de negociação, mas os bancos estão enrolando e devem respostas mais claras”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.

Enquanto a indefinição prossegue, a categoria realiza protestos. Na sexta, por exemplo, bancários do Piauí retardaram em uma hora a abertura de agências da Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Bradesco, Itaú e Santander, no centro de Teresina. Mais 15 agências paralisaram parcialmente as atividades em Pernambuco.

Embora registre lucros crescentes, os bancos seguem cortando mão de obra. Entre janeiro e julho, foram fechados 2.445 postos de trabalho, segundo levantamento do Dieese, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O número foi divulgado hoje pela Contraf-CUT.

Em São Paulo, estado responsável por 57% das admissões e 62% das demissões, são 780 vagas a menos no período. Em seguida, vêm Rio de Janeiro (-746) e Paraná (-322). Desde janeiro de 2016, houve resultado positivo em apenas cinco meses. 

 é uma realidade que se repete. A análise do Dieese aponta que, desde janeiro de 2016, o saldo mensal do emprego nos bancos foi positivo apenas em 5 meses (janeiro de 2016, julho e novembro de 2017, janeiro de 2018 e julho de 2018), ficando negativo em todos os demais meses.

Segundo a Contraf-CUT, já se notam reflexos da “reforma” trabalhista, que entrou em vigor em 11 de novembro. De janeiro a julho, foram registrados 50 casos de demissão por acordo entre empregado e empregador.