Campanha salarial

Bancários aguardam proposta para 1º de agosto e cobram manutenção de direitos

Segundo sindicalistas, Fenaban não concordou com ultratividade, mas aceitou calendário. 'Não vamos aceitar retirada de direitos. Já deixamos isso muito claro na mesa', diz Ivone Silva

Jailton Garcia

Negociação entre o Comando dos Bancários e a representação da Fenaban: ‘Não vamos aceitar perda de direitos’

São Paulo – Os representantes dos bancários esperam uma proposta definitiva da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) até 1º de agosto, um mês antes da data-base, para avaliação da categoria. Em reunião nesta quinta-feira (12), a bancada patronal não aceitou assinar um pré-acordo de ultratividade – que garantiria os direito até renovação da convenção coletiva.

Concordou, porém, com a proposta dos trabalhadores de estabelecer um calendário de negociações, que prevê novas rodadas nos próximos dias 19 e 25. “Nós dissemos que isso (ultratividade) daria mais tranquilidade aos bancários. Mas foi um passo importante”, afirmou a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia afirmou que os trabalhadores querem mais “efetividade” por parte da representação empresarial. E lembrou que a Fenaban se comprometeu com o caráter nacional e unificado da campanha. As próximas reuniões terão como focos temas como saúde e emprego.

A sobrecarga de trabalho tem causado “muito adoecimento mental”, segundo a presidenta da Contraf-CUT. E as mudanças provocadas pela Lei 13.467, de “reforma” trabalhista, faz com que a questão do emprego ganhe ainda mais relevância este ano. É preciso ter a segurança, por exemplo, de que o setor não vai demitir para adiante contratar como autônomo.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, lembrou que em uma consulta à categoria 18% apontaram o combate ao assédio moral como prioridade de campanha. “Queremos que esse problema seja resolvido na mesa de negociação”, lembrou Ivone, que também integra a coordenação do Comando Nacional

A manutenção do emprego foi citada por 15% e o aumento real de salário (acima da inflação), por 25%. E 60% disseram estar dispostos a entrar em greve para defender seus direitos. Sobre a “reforma” do governo Temer, 73% disseram que foi péssima para o trabalhador.

Uma coisa é certa, enfatizou Juvandia: “Não vamos aceitar retirada de direitos. Já deixamos isso muito claro na mesa”. “Espero que venham realmente para negociar”, acrescentou a dirigente, lembrando que é um setor não só imune a crise, mantendo seus lucros, mas em certa medida beneficiado por ela. “Os bancários precisam se manter mobilizados.”

A convenção coletiva de trabalho (CCT) dos bancários, com validade em todo o país, completa 26 anos. A Fenaban mudou sua mesa negociadora. O novo diretor de Políticas de Relações Trabalhistas e Sindicais da entidade é o advogado Adauto de Oliveira Duarte, que atuou durante longo tempo na Fiat. Um sindicalista de Minas Gerais o define como “negociador duro na queda, mas fiel naquilo que acerta”.