Luta até o fim

Eletricitários propõem voltar a negociar acordo para evitar nova greve

Dirigente sindical defende que mobilização social pode barrar processo de privatização da estatal brasileira de energia

Arquivo EBC

Eletricitários continuam em negociações com Eletrobras

São Paulo – Os impactos deixados pela paralisação dos eletricitários, que durou três dias e foi encerrada na última quarta-feira (13), têm repercutido sobre projetos de lei que serão analisados pelo Congresso Nacional. Apesar do encerramento da greve, a categoria mantém-se organizada para continuar com a negociação, que deve ter fim, segundo seus dirigentes, apenas quando as reivindicações forem atendidas pela Eletrobras e pelo governo.

Para comentar o assunto, o diretor da Federação Nacional dos Urbanitários e do Coletivo Nacional dos Eletricitários Fernando Pereira foi o entrevistado na edição da tarde de quinta (14) da Rádio Brasil Atual. O ativista fez um balanço das 72 horas de paralisação da categoria ao apresentador Rafael Garcia, e falou sobre os próximos passos.

Como se avalia o fim da paralisação na quarta-feira, que durou 72 horas?

O saldo é positivo, a categoria do Brasil inteira se manifestou em defesa das empresas da Eletrobras. A empresa apresentou uma proposta que nós avaliamos como inadequada, então tínhamos motivos para ter um movimento forte.

As contas de luz podem sofrer um aumento de até 160%?

A empresa privada vai querer lucro ao repassar a energia às distribuidoras, com isso as que distribuirão vão repassar aos consumidores. É uma bola de neve. O empresariado não está preocupado com programas sociais e consumidores de baixa renda. O aumento será significativo.

Apesar dos riscos, o governo continua acelerando a votação no plenário da Câmara de projetos que tratam do setor elétrico, o que significa que os trabalhadores e a sociedade devem continuar a pressionar os parlamentares para que esses projetos não avancem?

É isso, os trabalhadores e a sociedade têm que seguir pressionando os parlamentares, mas esses parlamentares muitas vezes nem sabem das realidades de outras regiões. Há duas distribuidoras localizadas na região Nordeste, no Piauí e dm Alagoas, e quatro na região norte: Acre, Amazonas, em Roraima e Rondônia. O Estado tem que estar nessas outras regiões reconhecidas com piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), desenvolvimento precário e que precisam de um estado forte para que a população não seja penalizada com a conta de luz.

O governo Temer deveria ter um olhar mais social voltado para os brasileiros e não entregar essas regiões para as mãos do capitalismo. É a essa reflexão que os parlamentares e o presidente da República devem fazer, essa é a luta que deve ser travada junto aos congressistas que estão lá representando o povo.

Qual o cronograma de ações dos eletricitários, eles pretendem fazer novas paralisações?

A maioria das entidades deliberou que uma próxima decisão seja determinada a partir do dia 25, mas nesse período a gente está buscando junto à Eletrobras voltar para a mesa, acreditando em espaço de negociação. Mas caso não tenha reunião ou a Eletrobras mantenha essa proposta inegociável para os trabalhadores, a greve será inevitável.

Confira na íntegra a entrevista da Rádio Brasil Atual: