São Paulo

Servidores derrotam Doria: reforma da previdência está suspensa por 120 dias

Prefeito, que deixará comando da administração no início de abril, depois de 15 meses de gestão, perde queda de braço e, como Temer, não consegue emplacar reforma

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Em mais uma demonstração de força, cerca de 100 mil servidores estiveram em frente à Câmara paulistana

São Paulo – A Câmara Municipal de São Paulo retirou, por 120 dias, o Projeto de Lei (PL) 621, sobre a reforma da previdência dos servidores da cidade, criando o chamado Sampaprev. O prefeito João Doria (PSDB), que mais cedo deu entrevista dizendo que não recuaria, teve de ceder à pressão. Desde o dia 8, diversas categorias do funcionalismo público estão em greve e, em conjunto, vêm realizando grandes manifestações com frequência.

Hoje não foi diferente. De acordo com a Fórum das Entidades, que reúne diversos sindicatos do serviço público, foram cerca de 100 mil pessoas em frente à Câmara. A pressão deu resultado, e Doria não conseguiu costurar o apoio necessário de 28 vereadores, maioria absoluta dos 55 da Casa. Pouco antes de o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), anunciar a retirada da pauta, com abertura de uma comissão mista de estudos sobre o tema, nos corredores já se falava sobre a ausência de força do governo diante do projeto.

A forma como o governo tentou passar o projeto foi denunciada pela vereadora Sâmia Bomfim (Psol). “Com a velha forma da velha política: ameaçando tirar cargos de quem os têm no governo, nas prefeituras regionais, ameaçando, inclusive, fechar voto de bancada para que os vereadores fossem obrigados a votar de determinada forma para não sofrerem sanções. Mas mesmo os vereadores mais fiéis agora não votam com o governo porque não tem condições, existe uma forte pressão popular”, disse.

Doria tentou acelerar o projeto de qualquer forma, já que abandona a cidade no próximo dia 6 – 15 meses depois da posse, com apenas 31% de mandato – para disputar o governo do estado. De acordo com opositores e servidores, a intenção do prefeito era utilizar a possível aprovação como capital político, um aceno ao mercado financeiro de que conseguiria aprovar em nível nacional o que Temer não conseguiu no Congresso Nacional. Nos dois casos, a forte rejeição popular e o medo das urnas foram decisivos.

 

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