mobilização histórica

Doria chama servidores para reunião de última hora: ‘Cortina de fumaça’

Prefeito demonstra pressa em reforma da previdência municipal para capitalizar créditos com mercado financeiro e só reforça argumentos conhecidos. Servidores rebatem: 'Objetivo é criar um simulacro de democracia'

sindsep

Servidores mobilizados, em greve desde o dia 8 de março, realizam assembleia na Av. Paulista: união contra ataque ao trabalho

São Paulo – A gestão do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), convocou às pressas uma reunião com representantes de entidades sindicais ligadas ao serviço público municipal para a tarde desta segunda-feira (26). A prefeitura tenta aprovar o Projeto de Lei (PL) 621/2016, que promove uma reforma na previdência dos trabalhadores, mas enfrenta grande resistência. Diversas categorias estão em greve desde o dia 8 e vêm realizando atos que reúnem milhares de servidores.

Durante o encontro, o governo seguiu a lógica do discurso de déficit na previdência para justificar a reforma. Por sua vez, as entidades representantes das categorias do funcionalismo mantiveram a postura contrária ao PL e favorável a uma maior discussão com a população sobre eventuais problemas atuariais, bem como uma elaboração revisada, não apressada, sobre um tema tão caro aos mais de 200 mil servidores da ativa, aposentados e pensionistas.

Mesmo antes da reunião, o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, se manifestou contra a investida da prefeitura, a qual ele classificou de “cortina de fumaça”. “O convite quer perpetuar um modelo que, em 2017, demonstrou que o governo é absolutamente incapaz de negociar ou dialogar. Seu objetivo era apenas criar um simulacro de democracia”, disse.

Doria tem pressa e vem promovendo manobras junto à base dos vereadores para tentar aprovar o PL. Isso porque o prefeito vai abandonar a cidade até o dia 7 de abril para concorrer ao governo do estado e a matéria está travada na Câmara; precisa passar ainda por três comissões e por votação em dois turnos em plenário para, aí sim, poder ser sancionada.

O projeto ainda pode ser aprovado pelo futuro prefeito, atual vice, o também tucano Bruno Covas, mas os servidores acreditam que a pressa de Doria tem relação com a capitalização da iniciativa, de apontar para o mercado financeiro que ele conseguiu aprovar uma reforma na previdência, algo que o presidente Michel Temer (MDB) não conseguiu em nível federal.

Antiqueira classifica o PL como “o maior ataque ao funcionalismo visto em décadas, se não o maior da história de São Paulo”. “Ataque esse planejado com a participação dos representantes dos bancos e banqueiros. Pior, retomar tal modelo agora pretende, de forma cínica, ignorar a maior greve da história da cidade em andamento e que continua crescendo mesmo após 18 dias de paralisação”, disse, ao destacar o fato de o governo poder investir nestas negociações como forma de desmobilizar as categorias.

“A solução aceita é uma só: a retirada do projeto do extermínio, o PL 621/2016. E essa resposta do governo tem que ser apresentada ao movimento grevista”, disse. As categorias marcaram para amanhã (27), às 13h, em frente à Câmara, uma assembleia conjunta para debater os rumos do movimento.

Os sindicatos não descartam negociações para resolver eventuais problemas na previdência, como o alegado déficit no Instituto da Previdência Municipal de São Paulo (Iprem), mas que o momento não é esse. “Qualquer discussão sobre a previdência com a construção de aperfeiçoamento deverá ser feita após a retirada do 621 (…). Esse debate se dará já com outro governo, porque esse não tem legitimidade perante os servidores ou a população abandonada por um prefeito que nunca quis ser”, completou Antiqueira.

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