Desequilíbrio

Acordo Mercosul-UE ameaça empregos no Brasil

Nas bases do acordo que o governo Temer quer ver aprovado, países do Mercosul ofereceriam principalmente produtos agrícolas e serviços, em troca da entrada de produtos manufaturados da Europa

CC

Desenvolvimento tecnológico desigual impede que a indústria brasileira consiga competir com produtos europeus

São Paulo – Um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) que, na prática, libera a entrada em larga escala de produtos industrializados europeus nos países sul-americanos, deverá acarretar na perda de postos de trabalho, principalmente no Brasil, que tem o parque industrial mais avançado da região.  

O alerta foi feito por representantes do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil) e da CUT, que estiveram em Brasília nesta quinta-feira (7) para participar de reunião preparatória para a 11ª Conferência da Organização Mundial de Comércio (OMC), que ocorre no próximo domingo (10), em Buenos Aires, na Argentina.

O governo Temer pressiona os embaixadores para que as bases do acordo Mercosul-UE sejam anunciadas durante a reunião da OMC na capital argentina. Os países do Mercosul ofereceriam principalmente produtos agrícolas e serviços, em troca da entrada de produtos manufaturados da Europa. 

“O governo quer fazer esse acordo a toque de caixa, e nós viemos aqui registrar a nossa preocupação”, afirmou o presidente do TID-Brasil, Rafael Marques. “Sabemos que a indústria brasileira vai perder nessa negociação, dadas as diferenças de competitividade e tecnologia das indústrias instaladas na Europa e as instaladas no Brasil”, alertou Marques, em entrevista ao repórter Uélson Kalinovski, para o Seu Jornal, da TVT.

O secretário-geral da CUT-Brasília, Rodrigo Rodrigues, teme que, com o acordo Mercosul-UE, novas negociações desiguais, como a que garante mais de R$ 1 trilhão em isenções às petrolíferas estrangeiras na importação de máquinas e equipamentos para a exploração do pré-sal, em Medida Provisória editada pelo governo Temer e que tramita no Congresso Nacional. “Esse tipo de isenção para exploração e de importação sem nenhuma taxa alfandegária é mais um golpe duro à classe trabalhadora brasileira”, afirmou.

Leia também:

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT