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Tempo de busca por emprego sobe para 43 semanas em São Paulo

Há um ano, tempo médio por procura de recolocação no mercado de trabalho era de 35 semanas. Indicadores apontam a caracterização do desemprego como um problema estrutural, e não mais conjuntural

Marcos Porto/Secom Itajaí

Trabalhador demora mais tempo na busca por uma vaga e encontra remunerações menores

São Paulo – Segundo levantamento mensal da Fundação Seade e do Dieese, o trabalhador da região metropolitana de São Paulo demora, em média, 43 semanas, ou cerca de nove meses e meio, para conseguir recolocação no mercado de trabalho. Comparado com igual período do ano passado, o tempo de busca ativa por emprego, que era de 35 semanas em três regiões metropolitanas pesquisadas, aumentou em 22,9%.

Com dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o Seade e o Dieese mapearam o tempo de espera por recolocação no mercado de trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo, Salvador e Porto Alegre. 

Em Salvador, o tempo de procura supera um ano. Em junho de 2016, o soteropolitano buscava uma colocação por até 51 semanas, em média. Um ano depois, essa espera pode chegar a até 60 semanas, o que representa mais de 13 meses à procura de um trabalho. 

Já na capital gaúcha, a duração da busca ativa até a conquista de um novo posto de trabalho, formal ou informal, subiu menos, mas também registrou alta no período, passando de 32 semanas, há um ano, para 37 semanas.

Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, “o contingente de pessoas desocupadas é muito maior que as vagas que estão sendo oferecidas e, portanto, o tempo de procura cresce”.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual na terça-feira (1º), o diretor do Dieese vai além, e alerta que os atuais patamares de demora por uma nova vaga indicam que o desemprego não é mais temporário, por conta de desajustes causados pela crise. “O que esse indicador aponta é a caracterização do desemprego como um problema estrutural, e não mais conjuntural, como muitas vezes ocorre em momentos de crise”, diz Clemente.

Segundo ele, mesmo que a economia reaja, ainda que timidamente e comece a “andar de lado”, em finais de 2017 e no próximo ano não será capaz de criar as vagas de emprego necessárias, e o tempo de procura permanecerá relativamente elevado.  

Além de esperar mais, os trabalhadores têm encontrado postos que pagam remuneração menor. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em maio o salário médio de admissão – de R$ 1.442 – foi 13% menor que a média da remuneração dos trabalhadores demitidos, para o mesmo período, que foi de R$ 1.649.

“Quando o BC reduz a taxa de juros em uma velocidade menor que a necessária, está retardando o crescimento. Ao retardar o crescimento econômico, afeta diretamente a dinâmica da geração de emprego”, analisa Clemente.

Segundo o diretor do Dieese, em casos de recessão persistente, é o governo que teria condições de atuar como locomotiva para alavancar o crescimento, aumentando gastos e ampliando investimentos, mas as diretrizes da equipe econômica do presidente Michel Temer apontam para o caminho contrário, ao impor limites aos gastos públicos, cortar programas e políticas públicas e elevar impostos.

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