Servidores

Para sindicalista, PDV de servidores do Executivo é medida para desviar atenção

Plano de demissão anunciado está mais para jogo político para desviar atenção do impacto negativo do aumento de imposto e dos problemas do governo, segundo diretor de confederação de servidores

Beto Barata/PR

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, espera que PDV desligue 5 mil servidores e economize R$ 1 bi

São Paulo – A medida provisória que o governo Michel Temer deve publicar nos próximos dias, com um plano de demissão voluntária (PDV) de servidores públicos do Poder Executivo Federal, previsto para ser implementado pelo Ministério do Planejamento, é encarada pela Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) como contraditória e de muito pouco impacto real para o próprio governo. Além disso, tem um caráter “propagandístico” e político.

“O governo quer fazer a reforma da Previdência dizendo que não tem dinheiro e vai demitir alguns dos melhores contribuintes. A proposta é economicamente sem justificativa e politicamente parece medida de fachada, para criar efeito positivo em alguns setores, dizendo que está reduzindo despesas públicas”, diz o diretor do Condsef Valter Cezar Dias Figueiredo. A confederação representa mais de 500 mil funcionários.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a expectativa do governo é de que, com o PDV, o governo possa demitir cerca de 5 mil servidores.

A economia prevista com o plano é de R$ 1 bilhão. Considerando que o governo vai gastar com a folha de pagamentos, este ano, R$ 284 bilhões, uma economia de R$ 1 bilhão (ou 0,35%) é irrelevante. A iniciativa está mais para o jogo político, com a intenção de desviar a atenção para os problemas do próprio governo e do impacto altamente negativo, na opinião pública, do aumento dos impostos que elevou o preço de gasolina, de acordo com o diretor da Condsef.

Para Figueiredo, o governo tem a intenção de satisfazer setores “da direita” que defendem os “efeitos positivos da demissão de funcionários públicos”. “A intenção política é essa, mas também desviar a atenção da crise do governo com esses pedidos de impeachment contra Temer e as denúncias. E dilui essa questão do aumento do imposto e da gasolina”, acredita o sindicalista. “Disseram que não iam aumentar imposto. Agora está aí a Fiesp e os empresários que o apoiaram ameaçando de novo com o pato amarelo.”

Ele afirma que a entidade é contra PDV num momento de crise e desemprego. “O governo diz que faz reformas para gerar emprego, mas incentiva o desemprego com o discurso de reduzir o gasto público.”

Ele lembra que o governo Fernando Henrique fez um programa semelhante em 1996 sem resultados importantes. “FHC já fez e não surtiu efeitos. Passou longe. Ele queria a demissão de 40 mil e conseguiu só 5 mil pessoas.” Afirma também que uma análise mais aprofundada da medida só poderá ser feita com a publicação da medida provisória e seu conteúdo. “Tem que esperar. Não dá para confiar nesse governo, porque pela manhã ele fala uma coisa, e à noite fala outra.”

A iniciativa do governo prevê que cada funcionário que aderir ao plano vai receber 1,25 salário para cada ano trabalhado. O governo estaria elaborando também proposta de uma jornada de trabalho reduzida, pela qual o funcionário possa optar por jornadas de seis horas diárias e 30 horas semanais ou de quatro horas diárias e 20 semanais.

O vice-líder do governo na Câmara, deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS), defendeu a medida, que é “para começar a reduzir o peso da folha, que é assustador”, segundo a Agência Brasil. A justificativa do parlamentar é de que a reforma da Previdência está parada e, por isso, o governo precisa de outra alternativa.

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