Risco

Refinaria de Paulínia reduz contingente e opera sem a devida segurança

Trabalhadores questionam a falta de diálogo e o mérito da decisão, e podem realizar paralisação de 48 horas a partir desta sexta-feira

Reprodução/Petrobras

Segundo o Sindipetro-SP, a refinaria trabalha abaixo da sua capacidade e poderia produzir mais combustível

São Paulo – A Petrobras cortou 45 postos de trabalho na Refinaria de Paulínia (Replan), localizada no interior do estado de São Paulo. A cada turno, foram nove postos extintos nesta semana, o que, segundo os trabalhadores, impede que a planta seja operada em segurança, além de sobrecarregar os remanescentes.

Segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP), os cortes se baseiam em estudos, que não contou com a participação dos trabalhadores, que o classificam como “inconsistente” e “questionável”. Além disso, o sindicato acredita que a redução dos postos, por óbvio, apontam para futuras demissões desses trabalhadores. 

“Com o número reduzido, a quantidade de trabalho não diminuiu, pelo contrário. Só aumenta cada vez mais. Então, como é que vai operar com segurança nesse cenário novo? Nós não sabemos”, questiona Arthur Bob Ragusa, diretor do Sindipetro-SP, em entrevista para o Seu Jornal, da TVT

Segundo ele, a partir dos cortes, a refinaria passa a operar abaixo “número mínimo”, o que aumenta o risco de acidentes. “Nas refinarias, existe o conceito de número mínimo, ou efetivo mínimo de trabalho. Esse é o efetivo que precisa para a planta ser operada com segurança. No caso da Replan, esse número já é praticado há muitos anos, há mais de uma década, inclusive”, explica Ragusa. 

Além das consequências diretas, como o aumento da insegurança e a possibilidade de demissões, os trabalhadores contestam a forma como a decisão foi tomada, de maneira impositiva, sem qualquer diálogo com os trabalhadores. Eles alertam também que essa situação não é exclusividade da Replan, e ocorre nas demais refinarias.

“Ocorre que a Petrobras fez um estudo cheio de inconsistências, um estudo questionável. O principal problema é que foi feito sem a participação dos trabalhadores, sem negociação com o sindicato, sem diálogo. E esse estudo levou à conclusão de que, no caso da Replan, o número precisaria ser diminuído em nove postos de trabalho por grupo de turno. Trabalhamos lá com cinco grupos de turno, o que acabaria levando a 45 postos de trabalho sendo extintos.”

Ragusa afirma, ainda, que a refinaria opera a com 70% de sua capacidade, e poderia produzir mais, e que a estratégia de redução visa a elevar o preço no mercado dos combustíveis no mercando interno, justificando, assim, o aumento da importação de derivados de petróleo, atendendo a interesses das multinacionais petrolíferas. 

Para se contrapor à ofensiva, o Sindipetro-SP prevê a realização de paralisação por 48 horas, que pode ser desencadeada a partir da 0h desta sexta-feira (23), a depender de decisão da Federação Única dos Petroleiros, que analisa nesta quinta-feira (22) a possibilidade de uma greve nacional, por conta dos cortes que fazem parte da política de desmonte da Petrobras levada adiante pelo atual presidente Pedro Parente, indicado pelo governo Temer.