Reformas

Congresso da Força começa com vaias a ministro e gritos contra Temer

Ministro disse que compreendia a manifestação do público. Ele foi defendido por Paulinho, que o apresentou como 'aliado' dentro do governo. Nogueira discute com sindicalistas uma medida provisória

Congresso foi aberto hoje e vai atá quarta-feira

Praia Grande (SP) – O oitavo congresso da Força Sindical foi aberto na tarde de hoje (12), em Praia Grande, litoral sul paulista, com gritos de “Fora Temer” e vaias ao ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. A manifestação fez o presidente da central e do partido Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, repreender a plateia e defender o ministro, a quem chamou de “aliado” dentro de um governo impopular. Nogueira disse “compreender” a indignação do público.

Paulinho se irritou com as vaias, afirmando que, ao lado do deputado Bebeto (PSB-BA), outro dirigente da Força, está discutindo com o ministro do Trabalho uma medida provisória com sugestões de emendas do movimento sindical, inclusive sobre custeio sindical. Por causa disso, acrescentou, “queriam derrubar o ministro”. Ao plenário, disse que queria que os manifestantes “refizessem o que fizeram aqui”, referindo-se aos protestos.

“Chamamos aqui um aliado nosso dentro do governo. Um governo impopular, que está tirando direitos dos trabalhadores. E vocês recebem com vaias? Que porra é essa?”, disse o presidente da Força, que também se dirigiu a alguém não identificado e advertiu que parasse de ficar “agitando” e pediu respeito.

O congresso, que vai até quarta-feira (14), começou em clima tranquilo. As vaias só surgiram quando o nome do ministro foi anunciado. Durante dois minutos, boa parte do plenário que lotava o ginásio começou a gritar “Fora Temer”. Diante da reação, Paulinho pediu o microfone, defendeu Nogueira e passou o microfone ao ministro. “Eu compreendo vossa indignação. Vocês têm razão. O grito do trabalhador será ouvido”, afirmou o representante do governo, que saiu em seguida.

Ao descer, Nogueira tirou fotos com delegados e foi cauteloso ao falar em medida provisória. “Primeiro, vamos aguardar a deliberação do Senado”, afirmou. O projeto de lei (PLC 38) de reforma trabalhista passou pela Comissão de Assuntos Econômicos e amanhã deverá ser lido na Comissão de Assuntos Sociais daquela Casa. Um dos temas discutidos, segundo ele, trata de regulamentar a contribuição assistencial.

No relatório, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) não mudou o texto vindo da Câmara (PL 6.787), apenas apresentou sugestões de vetos para o presidente Temer. “Vamos pegar o que eles (Senado) concluírem e deliberar”, disse o ministro.

O texto original do Planalto foi bastante modificado na Câmara pelo deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), relator do projeto, o que teria causado insatisfação do Ministério do Trabalho. O titular da pasta foi diplomático. “O governo não pretende fazer enfrentamento à decisão da Câmara”, disse Ronaldo Nogueira. “O governo respeita a agenda do Congresso.”

Primeiro a falar no congresso da Força, o primeiro presidente da central, Luiz Antônio de Medeiros, disse que o momento é de crise “muito maior” do que no período de fundação da entidade, em 1991. “Os direitos dos trabalhadores nunca foram tão atacados. Eles não querem acabar com o imposto sindical, querem quebrar a perna dos sindicatos. A sociedade tem de ser ouvida. E para ouvir o povo brasileiro, tem de ser com eleições gerais. Esta tem de ser a nossa principal bandeira neste momento”, afirmou, apontando a baixa representação dos trabalhadores no parlamento. “A culpa é nossa. Vamos botar gente nossa no Congresso”, disse o ex-deputado federal.

A mesa de abertura teve representantes de centrais (CTB, CUT, UGT). O secretário de Emprego e Relações do Trabalho, José Luiz Ribeiro, representou o governador Geraldo Alckmin. Fizeram saudações dirigentes sindicais da África do Sul, China, México e Rússia. Segundo a organização, estão presentes 25 delegados internacionais – da África, Ásia, Américas e Europa.