Campanha Salarial

Trabalhadores ameaçam greve contra ‘pauta de retrocessos’ do Metrô paulista

Sem avanço nas negociações, metroviários podem decidir por paralisação em assembleia na noite de hoje, na sede do sindicato

Rogerio Cavalheiro/Futura Press/Folhapress

Trabalhadores realizam nova assembleia na noite de hoje. Categoria pode decidir por greve nos próximos dias

São Paulo – Após um mês de negociações, não houve avanços na campanha salarial deste ano dos metroviários paulistas. Segundo o coordenador-geral do sindicato da categoria Alex Fernandes, a direção da Companhia do Metropolitano (Metrô) apresentou um índice muito baixo de reajuste e os itens incluídos na proposta de acordo coletivo da companhia são “um retrocesso para a categoria”. “Em vez de dialogar sobre as melhorias que pedimos, alguns inclusive que não acarretam em gasto algum para a empresa, os diretores só querem falar de redução de direitos”, afirmou o sindicalista.

Os trabalhadores querem reajuste salarial de 6,08%, mais 6,71% (produtividade). Também reivindicam reajuste de 7,5% no vale-refeição e vale-alimentação de R$ 662,38. Outros pedidos são a retomada das progressões de carreira atrasadas, novas contratações e reposição do quadro, pagamentos nos dias 15 e 30 – item mudado unilateralmente pelo Metrô no ano passado, para os dias 20 e 5 –, adicional de risco de vida de 30% sobre o salário e reintegração dos demitidos na greve de junho de 2014.

Sobre os demitidos, a Justiça do Trabalho deu ganho de causa aos metroviários em todas as instâncias até agora. O processo aguarda a decisão final no Tribunal Superior do Trabalho (TST), que não tem data para julgá-lo. A categoria teve uma nova reunião com a diretoria da empresa na manhã de hoje e às 18h30 realiza assembleia na sede do sindicato, na qual a proposta de greve será discutida. Os profissionais estão em estado de greve desde a semana passada.

Na manhã de hoje, o Metrô ofereceu uma proposta de reajuste total de 3,71% e aplicação do mesmo índice para os vales refeição e alimentação. “A proposta representa o esforço da Companhia em manter, sem exceção, toda a sua ampla gama de benefícios oferecidos aos seus empregados, reconhecidamente uma das melhores do mercado, reajustando os valores de acordo com o índice de inflação do período e com a capacidade econômico-financeira da empresa, com o bom senso e a responsabilidade que um Acordo Coletivo dessa magnitude exige, especialmente diante do cenário atual”, informou o Metrô, em nota.

A proposta de acordo coletivo apresentada pelo Metrô estabelece que nenhuma nova cláusula poderá ser incluída no acordo coletivo. Entre os pontos considerados como retrocesso pela categoria, estão: limitar o adicional noturno até 5h da manhã – atualmente vale até as 6h –, diminuir o adicional de horas extras de 100% para 50% nas duas primeiras horas, acabar com o plano de saúde do Metrus – plano previdenciário do Metrô –, entre outros pontos.

Para Fernandes, a situação atual dos metroviários é um exemplo do que pode ocorrer no país com a aprovação da reforma trabalhista no Congresso Nacional. “Se com um sindicato atuante e amparo da lei, os executivos não se intimidam em propor um acordo que só retira direitos, imagine o que vai ocorrer se reduzirem o poder das organizações e determinarem que o negociado vale mais que a legislação?”, ponderou. “Mas nós estamos na luta e se não houver avanços teremos uma nova paralisação dos metroviários”, completou o dirigente.

 

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