recuo estratégico

Funcionários dos Correios encerram greve para ‘fortalecer campanha salarial’

Categoria decidiu pelo fim da paralisação e adesão parcial ao acordo proposto na última semana pela empresa, após reunião de conciliação realizada no TST

fentect/divulgação

Categoria encerra a greve mesmo com acordo que não contempla totalmente reivindicações

São Paulo – A greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) termina hoje (8), depois de quase duas semanas. A decisão foi tomada ao longo do dia por meio de assembleias de trabalhadores realizadas nos 36 sindicatos que representam a categoria. O acordo com a direção da empresa foi alcançado após uma reunião de mediação que ocorreu na última quinta-feira (4) na sede do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect), que representa nacionalmente a categoria, afirma que o fim da paralisação é “um recuo estratégico”. “Encaminhamos para a manutenção da greve, já que nossas reivindicações não foram alcançadas, mas entendemos o recuo, e as atividades devem ser retomadas a partir das 22h”, diz a assessoria de comunicação da entidade.

A estratégia de encerrar a greve tem relação com a campanha salarial da categoria, que começa em três meses. Os sindicatos entenderam que uma greve mais longa poderia fragilizar a mobilização futura. “Do ponto de vista do sindicato, continuar parado agora levaria a um desgaste e prejudicaria a campanha salarial. Nossa data-base é 1º de agosto, e nela, todo o acordo coletivo será posto na mesa”, afirma, em nota, a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), que representa outro grupo de sindicatos, entre os quais os de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Entretanto, alguns pontos foram rejeitados pela categoria, mesmo com o fim da mobilização, como a abertura de um Plano de Demissão Incentivada (PDI) para, de acordo com os Correios, evitar “demissões em massa”. Os sindicatos, ao contrário do que pretende a atual gestão da empresa, sob comando do presidente Guilherme Campos, querem o fortalecimento da instituição, e rejeitam completamente mais desligamentos.

A companhia, por sua vez, alega problemas financeiros, sendo que o prejuízo nos últimos dois anos teria atingido a marca dos R$ 4 bilhões. As entidades de representação de classe pedem uma auditoria das contas da empresa e maiores investimentos federais, discordando do déficit alegado.

Outro ponto de dissonância tem relação com as férias dos trabalhadores. Em 21 de março, a classe foi surpreendida com um comunicado interno informando que as férias dos funcionários estariam suspensas até abril de 2018. O acordo proposto na última semana suspende a decisão por apenas 60 dias. Esse tema deve entrar nas futuras mobilizações da categoria, que também judicializou a questão. No dia 15 deste mês, uma ação movida pelos sindicatos será julgada na Justiça do Trabalho.

Ficou acertado que os trabalhadores grevistas serão penalizados em no máximo duas horas diárias pelos dias de braços cruzados, sendo que o dia da greve geral, 28 de abril, será descontado. Os funcionários ficam livres para compensar as horas aos sábados, caso não queiram o desconto. Sobre uma possível cobrança de plano de saúde, proposta pela empresa, ficou combinado que o TST deve prosseguir na mediação entre trabalhadores e Correios.