Suspeita de abuso de poder

Vídeo de prefeito regional de SP motiva apuração do Ministério Público do Trabalho

“Não é possível em pleno século 21 uma administração pública obrigar seus funcionários a dormirem no local de trabalho, afastando-os do convívio familiar”, afirma procurador-geral

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Em vídeo, prefeito regional de Pinheiros afirmou ser “a favor do direito à greve, mas não em dia de trabalho”

São Paulo – Após o prefeito regional de Pinheiros (zona oeste da capital paulista), Paulo Mathias, divulgar um vídeo no qual se diz “arrepiado e emocionado” com a suposta decisão de seis funcionários da área de manutenção de dormir no local de trabalho da quinta para sexta (28), buscando evitar transtornos com a greve geral de hoje, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP) afirmou em nota que vai investigar o caso.

Segundo o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, se for comprovado que os funcionários foram obrigados a isso, Mathias poderá ser processado por abuso de poder e o município também pode ser alvo de ação civil pública. “Não é possível em pleno século 21 uma administração pública obrigar seus funcionários a dormirem no local de trabalho, afastando-os do convívio familiar”, afirma.

No vídeo, Mathias diz ser “a favor do direito à greve, mas não em dia de trabalho”. Também por meio de vídeo divulgado no Facebook na quarta-feira (26), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), tinha feito discurso similar. “Você que é apaixonado pelo serviço público. Você que é servidor como eu, sexta-feira, dia 28, é dia de trabalho. Só quem não quer trabalhar é que vai fazer greve… Quem deseja manifestar-se faz isso em horário fora do expediente, no sábado, no domingo, faz isso de noite, na hora do almoço”, disse.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o presidente da CUT, Vagner Freitas, condenou a atitude do prefeito regional. “Alguém acha mesmo que as pessoas escolhem dormir no trabalho, em sã consciência, não vão voltar pra casa? Pra chegar no limite de você dormir no trabalho é porque a pressão é absurda”, afirmou. “Essas reformas que querem fazer, esse desmonte, oficializam situações como essa, porque depois o trabalhador nem pode procurar a Justiça.”

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sergio Antiqueira, afirmou à Rádio que o departamento jurídico da entidade vai analisar que medidas judiciais tomar em relação ao episódio.