Greve Geral

Trabalhadores do transporte afirmam que multas não vão impedir paralisação

'O que nós vamos perder com as reformas é muito mais grave que a multa que estão nos impondo', defendeu dirigente dos ferroviários

Romildo de Jesus/Futura Press/Folhapress

Justiça do Trabalho determinou multas pesadas para impedir paralisação total dos serviços, mas trabalhadores vão enfrentar

São Paulo – Trabalhadores do transporte coletivo de São Paulo e Belo Horizonte garantiram hoje (27) que a imposição de multas pela paralisação das operações, em virtude da greve geral de amanhã (28), não vai impedir a adesão das categorias ao movimento. Os trabalhadores do setor reafirmam que entrarão em greve por 24 horas. Governos municipais e estaduais obtiveram liminares na Justiça do Trabalho determinando que sejam mantidos 80% dos serviços nos horários de pico e 60% fora desses períodos. “O que nós vamos perder com as reformas trabalhista e da Previdência é muito mais grave que a multa que estão nos impondo. Isso até já era previsto e não vai nos intimidar”, afirmou o secretário-geral do Sindicato dos Ferroviários da Zona Central do Brasil, Leonildo Bittencourt Canabrava, que organiza os trabalhadores das linhas 11-Coral (Luz-Estudantes) e 12-Safira (Brás-Calmon Viana) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Em São Paulo, os trens das linhas 9-Esmeralda (Grajaú-Osasco), 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi), 7-Rubi (Jundiaí-Luz) e 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra) também serão paralisadas por 24 horas. Os metroviários também vão cruzar os braços nas cidades de Brasília, Belo Horizonte, Teresina, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.

No metrô paulistano, as linhas 1-Azul, (Jabaquara-Tucuruvi), 2-Verde (Vila Madalena-Vila Prudente), 3-Vermelha (Corinthians/Itaquera-Palmeiras/Barra Funda), 5-Lilás (Capão Redondo-Adolfo Pinheiro) e 15-Prata (Vila Prudente-Oratório) ficarão paralisadas o dia todo, a partir da zero hora de sexta-feira.

O diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo Marcos Freire manifestou a mesma posição de Leonildo sobre a imposição de multas. “Isso será discutido em assembleia, mas certamente não vai mudar nada na posição da categoria, que está determinada em parar contra o fim dos direitos trabalhistas”, afirmou.

As liminares contra metroviários e ferroviários foram obtidas pelo governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB). Em caso de descumprimento, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região impôs multas que podem chegar a R$ 500 mil.

Para os ônibus da capital paulista, ainda não há decisão sobre aplicação de multa em virtude da paralisação marcada para amanhã. No entanto, o presidente do Sindicato dos Motoristas, Valdevan Noventa, já declarou que essa medida não vai impedir a paralisação total dos ônibus. A categoria pretende impedir as saídas das garagens e também o funcionamento dos terminais de ônibus da cidade.

Pelo menos 17 cidades da região metropolitana de São Paulo e toda a Baixada Santista também vão ter o transporte coletivo de ônibus paralisado, incluindo o sistema intermunicipal, executado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). Guarulhos, Itaquaquecetuba, Arujá, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Osasco, Ribeirão Pires, São Caetano, São Bernardo do Campo, Santo André, Diadema, Mauá, Rio Grande da Serra, Embu-Guaçu, São Lourenço da Serra, Itapecerica da Serra e Osasco são as cidades metropolitanas que já tiveram a greve aprovada em assembleias de trabalhadores.

Os motoristas e cobradores de ônibus também vão cruzar os braços por 24 horas nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Vitória, São Luís, Cuiabá, Campo Grande, Teresina, Natal, Recife, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Rio Branco, Maceió, Manaus e Macapá. Os motoristas e cobradores de Belo Horizonte, contra os quais há uma decisão determinando multa em caso de paralisação, afirmaram que vão pagar qualquer multa para manter a greve.

Também vão paralisar as atividades os professores estaduais, municipais e privados, os aeroviários, os bancários (em 22 estados), os metalúrgicos (sete estados), os comerciários (seis estados), os eletricitários, os químicos, os petroleiros e os trabalhadores de saneamento básico e dos Correios. Os servidores públicos das demais áreas, inclusive do Judiciário, vão ter paralisações em todas as capitais e dezenas de cidades médias. Trabalhadores do Porto de Santos também aprovaram a greve.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou nota defendendo a greve geral e ressaltando que a reforma trabalhista viola gravemente a Constituição Federal e as convenções fundamentais da Organização Internacional do Trabalho. “A legitimidade dos interesses que se pretende defender por meio da anunciada greve geral como movimento justo e adequado de resistência dos trabalhadores às reformas trabalhista e previdenciária, em trâmite açodado no Congresso Nacional, diante da ausência de consulta efetiva aos representantes dos trabalhadores”, diz o MPT.