Sem censura

CUT: 1º de Maio será na Avenida Paulista, ‘com ou sem Doria’

Administração diz que não autorizou ato no local. Central afirma que prefeito que 'criar factoide'. CSB teve de mudar seu evento. Para dirigente, 'foi uma decisão política (do governo estadual)'

CUT

Vagner: Doria proíbe 1º de Maio da CUT só para que falem dele. “Não seja agente da conturbação, prefeito”

São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse hoje (28) que a central realizará seu ato de 1º de Maio na Avenida Paulista, região central de São Paulo, mesmo com a manifestação da prefeitura da capital contrária ao evento. “Não vamos permitir censura. Estávamos liberados porque solicitamos e fomos atendidos, porque temos o direito de fazer o 1º de Maio na Paulista. Nós vamos fazer com (João) Doria ou sem Doria”, afirmou à Rádio Brasil Atual, referindo-se ao prefeito tucano.

A Secretaria de Comunicação da prefeitura paulistana informou, em nota, que a Regional da Sé “notificou a CUT sobre a impossibilidade de realização de um show de 1º de Maio que está sendo divulgado para a próxima segunda (1º), na avenida Paulista”. Afirma que a central não pediu autorização e que a iniciativa fere um termo de ajuste de conduta (TAC) assinado com o Ministério Público em 2007. E acrescenta que, em caso de descumprimento, a entidade está sujeita a multa, conforme a Lei 16.402, de 2016 (sobre uso e ocupação do solo no município).

O 1º de Maio na Avenida Paulista vai ser realizado pela CUT, CTB e Intersindical, com o apoio dos movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. “Tínhamos solicitado (o evento na Paulista), como manda o figurino”, disse Vagner Freitas. “Nosso secretário-geral fez ofício solicitando a utilização da avenida Paulista, que é pública e que hoje virou um campo de debate na cidade. Isso tudo é comunicado para a Secretaria de Segurança Pública. Vamos chamar nossos artistas populares e todo movimentos social e a sociedade. Fizemos o combinado.” 

Para o presidente da CUT, o prefeito quer criar um “factoide”. “O que Doria está fazendo é o que ele quer: que a gente fique falando dele porque tem que criar um factoide. Não traga conturbação à cidade, prefeito. Você não pode ser agente da conturbação pública, apenas atenda e não crie para nós o constrangimento de ter que enfrentá-lo. Depois vai dizer que houve radicalismo da nossa parte, mas radicalismo é usurpar direitos na administração pública.”

O prefeito também se manifestou contra a greve geral desta sexta-feira. Em entrevista pela manhã, chegou a chamar os manifestantes de “vagabundos”. E elogiou a postura do subprefeito de Pinheiros (zona oeste), Paulo Mathias, que informou em rede social que dormiria no local de trabalho juntamente com funcionários para garantir a normalidade do expediente.

À noite, a prefeitura soltou nova nota, para reafirmar que o evento não pode ser realizado na Paulista. Disse se dispor a ceder outro local, como o Vale do Anhangabaú.

De última hora

Outra central, a CSB, também enfrentou problemas na organização de seu evento para o 1º de Maio. De última hora, teve de mudar o local do Memorial da América Latina, na Barra Funda, região central, para o Sambódromo, no Anhembi, zona norte. “

“A diretoria do Memorial da América Latina, órgão controlado pelo governo do estado de São Paulo, e a Polícia Militar criaram inúmeros empecilhos burocráticos para tentar evitar o 1º de Maio da CSB, achando que, com isso, evitariam um grande ato político dos trabalhadores contra as reformas que cortam os direitos trabalhistas e previdenciários”, afirma a central, acrescentando que o ato reunirá “milhares de trabalhadores em uma única voz em repúdio aos neoescravagistas”.

O secretário-geral da CSB, Álvaro Egea, disse que o contrato estava firmado há meses. “Não foi falta de cumprimento de contrato, nem de cumprir as exigências. Nesta semana, começaram a fazer exigências fora do razoável. Criaram dificuldades para inviabilizar o evento”, afirmou. “Achamos que foi uma decisão política. O Memorial da América Latina é uma instituição de respeito. Nunca aconteceu um ato desses. Os próprios governos estão tomando atitudes não republicanas.”

Morador de Guarulhos, na Grande São Paulo, ele avalia que houve “uma adesão extraordinária” à greve geral, nesta sexta-feira (28). “Os condutores (de ônibus) nem foram à garagem. E o fretamento também aderiu. Guarulhos parou”, disse Álvaro. Segundo ele, uma escola tradicional do município, o Colégio Maia, também não teve atividades hoje. Ele lamentou apenas que, em muitos locais, a Justiça esteja concedendo interditos proibitórios para tentar coibir manifestações. “Apesar disso, é uma greve vitoriosa e que vai trazer mudanças no cenário político.”