Mobilização

Reforma da Previdência: ‘Está caindo a ficha da população’

Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP), acredita que a recepção popular aos atos de hoje mostra que as pessoas estão mais conscientes dos efeitos da PEC 287

Rodrigo Gomes/RBA

Antes do início da concentração para o ato, a Avenida Paulista já tinha uma pista interditada por manifestantes

São Paulo – Depois de um dia de intensa mobilização, com paralisações de motoristas de ônibus, metroviários, bancários e servidores públicos de várias áreas em todo o país, milhares de manifestantes já estão reunidos na Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra a reforma da Previdência. Os manifestantes querem a rejeição total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que altera o sistema previdenciário brasileiro. Por volta das 15h30, a pista no sentido da Rua da Consolação já estava fechada.

Uma das primeiras lideranças a chegar na manifestação, Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP), vê com otimismo a forte presença popular nos protestos. “Está caindo a ficha da população. No momento do impeachment a coisa era mais politizada, mais difícil de debater e de dialogar com a população. Nesse momento, é uma questão concreta, a população está fazendo as contas. Não é uma coisa que depende de filiação partidária, o prejuízo vai ser de todos os trabalhadores pobres”, avalia.

Bonfim destaca ainda o fato de os metroviários terem sido aplaudidos pela população na manhã desta quarta-feira, ao explicar os motivos da paralisação para usuários que não puderam utilizar o transporte. E isso, segundo ele, ocorreu mesmo com parte da mídia não divulgando as motivações dos atos, falando somente do “transtorno” que os movimentos estariam causando, omitindo se tratar de uma mobilização para barrar a reforma da Previdência. “Isso demonstra que a população está consciente do que está acontecendo”, aponta.

Movimentos sociais e centrais sindicais consideram que a reforma acaba com a possibilidade da maior parte da população conseguir se aposentar, abrindo espaço para os bancos oferecerem planos de previdência privada. Os trabalhadores também ressaltaram que o argumento do governo Temer sobre o déficit na Previdência é falacioso, já que desconsidera que o orçamento da Seguridade Social contempla previdência, assistência social e saúde, e não apenas o pagamento dos benefícios previdenciários. Outro ponto destacado pelos opositores da reforma é que há muitas desonerações aplicadas pelo governo federal que reduzem o montante arrecadado pela Previdência, além de dívidas da ordem de R$ 487 bilhões.

Algumas categorias paralisaram as atividades durante todo o dia, como bancários, metroviários e professores. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) estima que 1 milhão de docentes pararam suas atividades em todo o país.

Outros profissionais cruzaram os braços somente por uma período, como os motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista, que pararam da meia-noite até as 8h. Os ônibus municipais e intermunicipais de Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano, Mogi das Cruzes e Santa Izabel também não operaram pela manhã.

Com reportagem de Rodrigo Gomes

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