Jornada Internacional

Bancários apoiam trabalhadores do Santander nos EUA por direito a organização

Ação mundial pressiona a direção do banco espanhol para que se comprometa a não mais tentar bloquear as iniciativas de livre organização

Mauricio Morais/Bancários SP

No Brasil, campanha de conscientização alertou para as condições do trabalhador bancário nos EUA

São Paulo – O setor de finanças da UNI Global Union, sindicato que reúne mais de 20 milhões de trabalhadores de diversas categorias em todo o mundo, desencadeou ontem (21) campanha em apoio aos bancários do Santander dos Estados Unidos pelo direitos de se organizar em sindicatos. A campanha de solidariedade prevê ações de pressão e conscientização sobre a atual situação dos trabalhadores no coração financeiro do mundo. 

Diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, e presidenta da Uni Finanças Mundial, Rita Berlofa diz que a entidade buscou acordo de neutralidade com Santander, para que o banco se comprometesse a não interferir na tentativa de organização dos trabalhadores norte-americanos, sem sucesso. O banco segue ameaçando com demissões contra os trabalhadores que buscam se organizar.

“Gostaríamos de resolver esse problema de forma negociada, mas parece que o Santander não entende outro caminho que não o da pressão, do conflito”, afirma Rita, em entrevista à Rádio Brasil Atual. Ela conta que, devido a falta de organização, o bancário norte-americano chega a ganhar menos que um trabalhador sindicalizado do ramo da limpeza. 

SPBANCARIOS/ARQUIVO
Rita Berlofa, dos Bancários de São Paulo e da Uni Finanças para as Américas: ‘Santander só entende o conflito’

Em todo o mundo, dirigentes sindicais da UNI Global enviaram cartas a direção do Santander de seus respectivos países e à sua presidenta mundial, Ana Patricia Botín, para que cessem com as práticas antissindicais. No Brasil e demais países da América Latina, a mobilização também conta com campanha de conscientização nas ruas sobre a situação geral do trabalhador norte-americano. 

Ontem (21), em São Paulo, dirigentes do Sindicato dos Bancários realizaram atividades nos centros administrativos Vila Santander e Casa 1, além da matriz do banco no Brasil, na Vila Olímpia, onde entregaram carta à vice-presidenta de RH do Santander no país, Vanessa Lobato, reivindicando neutralidade do banco ao direito de livre sindicalização dos bancários norte-americanos.

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“Um terço dos trabalhadores do sistema financeiro em todo o mundo estão nos Estados Unidos, e esses trabalhadores não têm sindicato. Não têm direitos como férias remuneradas, licença-saúde remunerada, não tem direito a nada. Por isso estamos em luta para que a gente possa organizar esses trabalhadores, que tenham direto a ter voz. Esperamos que com isso o Santander reveja sua posição e assine o acordo de neutralidade. Hoje em dia, ameaça com demissões trabalhadores que ousem falar em sindicato. É inaceitável essa postura”, explica a presidenta da UNI Finanças.

“Aqui, no Brasil, nós temos uma convenção coletiva que foi construída e conquistada durante anos de luta, que nós garante acordo de combate ao assédio moral, igualdade de oportunidades, PLR, vale-alimentação, vale-refeição. Mas do que essas cláusulas financeiras, a gente tem a garantia de que, caso eu sofra um assédio, caso alguma coisa errada aconteça no local de trabalho, tenho um sindicato que vai brigar por mim, que vai negociar com o banco. Essa segurança o bancário norte-americano não tem. É por isso que nós estamos lutando hoje”, diz Lucimara Malaquias, bancária do Santander que participou da mobilização, em entrevista à repórter Anelize Moreira. 

A jornada pelos trabalhadores do Santander nos Estados Unidos é apoiada também pela Comunications Workers of America (CWA), que reúne trabalhadores de comunicação nos Estados Unidos. Teresa Casertano, da direção da CWA, também detalhou as violações cometidas pelo Santander em seu país e reafirmou a necessidade de mobilização para combater tal situação.

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