Estado enfraquecido

Preocupação com futuro da Caixa foi tema de aniversário do banco

No dia em que o único banco 100% pertencente à União completou 156 anos, bancários promoveram manifestações em defesa de caráter público e função social da instituição

Mauricio Morais/Seeb-sp

Caixa foi a primeira a receber poupança de ex-escravos no século 19. Após 2008, protegeu a economia do país da crise

São Paulo – O movimento sindical bancário promoveu ontem (12) manifestações em comemoração aos 156 anos da Caixa Econômica Federal. Em agências e prédios administrativos, sindicalistas alertaram funcionários, clientes e usuários sobre propostas anunciadas pelo governo Temer que podem fragilizar a instituição. De acordo com as entidades, o governo já anunciou intenções como a abertura de um plano de demissões voluntárias e a privatização de setores do banco, como o de seguros e loterias.

São medidas que, segundo os representantes dos empregados, podem comprometer as condições de trabalho e de atendimento, piorar o acesso do público – boa parte dele população de baixa renda – aos serviços que só a Caixa oferece. E também fragilizar a capacidade do banco de atuar como ferramenta de investimentos em políticas de infraestrutura, habitação e de promoção do desenvolvimento, papeis que não são desempenhados pelo setor bancário privado.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região Dionísio Ramos, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados, o fato de a Caixa ocupar hoje o segundo lugar em ativos no país incomoda os bancos privados, aos quais o governo federal tem procurado agradar. Ele observa que a política de crédito da Caixa teve papel fundamental para o país no enfrentamento da crise global de 2008, sem prejuízo ao desempenho do banco, que continuou crescendo e ocupando mercado. “Esse crescimento se deu por conta do empenho árduo dos trabalhadores do banco público, que agora está sofrendo com um desmonte”, afirmou.

Em reportagem da TVT, Dionísio assinala o papel social histórico da Caixa ao lembrar que foi a primeira instituição onde escravos do século 19 puderam começar suas poupanças.

A economista Sônia Hamburguer vê com tristeza o processo de desmonte promovido pelo atual governo. “Eu entendo que esse processo neoliberal de enfraquecimento do Estado fortalece as demandas do poder financeiro. Essa é a grande questão. Como a gente regulamenta a organização da humanidade de forma que os anseios da maioria da população não sejam subjugados pelo poder do capital, que é o mais forte?”, questiona. “Eu sou a favor de um Estado forte, que represente a comunidade e que seja um lugar de concentração de poder, dos direitos e dos anseios da comunidade. Talvez a gente ainda tenha que descobrir alguma outra alternativa, mas por enquanto não tem.”

Com informações do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

Assista também à reportagem da TVT:

 

Leia também

Últimas notícias