São Paulo

Metroviários fazem operação padrão contra mudança na escala de trabalho

Sindicato argumenta que proposta de mudança quer 'contornar' a falta de contratação de funcionários. Se adotada, alterações na escala podem precarizar ainda mais o serviço oferecido à população

Divulgação EBC

Metroviários estão mobilizados para garantir a intrajornada e obrigar o governo a negociar

São Paulo – Os metroviários de São Paulo decidiram iniciar hoje (23) uma operação padrão na companhia. Na prática, isso significa que os trabalhadores não farão horas extras e nem “quebra-galhos”. A medida faz parte das ações decididas pela categoria na última semana diante da proposta do governo do estado em alterar as escalas de trabalho.

Segundo o diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo Alex Santana, a falta de contratação de funcionários por parte do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) obriga os trabalhadores a prolongar frequentemente suas jornadas diárias. “Se não houvesse hora extra, o Metrô funcionaria de modo precário, com menos trens e mais problemas de manutenção. Seria pior do que hoje, que já é complicado, principalmente nos trens. A falta de funcionários aumenta ainda mais o problema”, afirma Santana.

Um dos pontos principais em discussão pela categoria é a intrajornada – intervalo remunerado de almoço de 30 minutos, atualmente feito dentro da jornada diária de trabalho de oito horas. Pela proposta do governo, o intervalo de almoço passará a ser de uma hora, porém fora da jornada diária. Como consequência, os metroviários aumentarão em 30 minutos o turno de trabalho.

Para Santana, a alteração proposta pela empresa que administra o Metrô terá consequências práticas na prestação do serviço à população. “Hoje em dia, como o almoço é remunerado, se acontece uma emergência o funcionário vai lá atender e depois volta pra terminar a refeição. Com essa proposta isso vai mudar. A hora do almoço sai da jornada e, se tiver emergência, o funcionário não vai atender.” 

Santana destaca que tal mudança terá impacto também no serviço de manutenção feito durante a madrugada, resultando na perda de uma hora num período que já não é longo. Com poucas exceções, o Metrô fecha para o público por volta da 1h e reabre às 4h40.

Segundo o diretor do sindicato, a proposta da empresa em aumentar em 30 minutos a jornada de trabalho também é uma forma de contornar a necessidade de contratação de novos funcionários, uma reivindicação antiga dos trabalhadores metroviários diante da atual precariedade dos serviços prestados.

Santana explica que a intrajornada está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, artigo 71), desde que regulada por portaria do Ministério do Trabalho. Por isso, o sindicato terá amanhã (24) uma reunião em Brasília com o ministro Ronaldo Nogueira.

Também amanhã, a categoria fará um ato na estação Sé, às 17h, para dar visibilidade à contrariedade e à mobilização dos trabalhadores, diante das mudanças propostas pelo governo do estado.

 

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