Desigualdade

Desemprego em São Paulo aumenta em periferias e famílias mais jovens

De 6 milhões de pessoas trabalhando na capital em 2015, mais de 1 milhão moravam fora da cidade. Dois terços dos empregos ficam em áreas mais centrais, mas 60% dos empregados moram 'nas extremidades'

AGÊNCIA BRASIL

Falta trabalho aos mais vulneráveis na capital paulista

São Paulo – O desemprego no município de São Paulo cresceu acima da média, no ano passado, em parte das regiões sul e leste, “áreas mais periféricas e que se caracterizam pelo predomínio de famílias com mais jovens e com elevada vulnerabilidade”. Os dados estão em pesquisa divulgada hoje (23) pela Fundação Seade, em alusão ao aniversário da capital, na próxima quarta-feira. As áreas com taxa de desemprego mais elevada abrange bairros como Ermelino Matarazzo, Ponte Rasa, Itaquera, São Mateus, Itaim Paulista, Cidade Tiradentes, José Bonifácio, Parque do Carmo, Guaianases (zona leste), Cidade Ademar, Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim Ângela, Cidade Dutra, Grajaú, Parelheiros e Marsilac (sul). 

A taxa média de desemprego no ano passado, com base na pesquisa Seade/Dieese, foi de 16% (com estimados 1,021 milhão de desempregados), ante 12,8% no ano anterior e 10,3% em 2014. Mas chega a 19,3% nas chamadas zonas leste 2 e sul 2, que concentram os bairros citados. Nesta segunda concentra-se o maior número de ocupados da cidade, por volta de 1,143 milhão, enquanto na primeira estão 1,054 milhão.

Segundo a pesquisa, em 2015 havia 6,15 milhões de pessoas que trabalhavam na capital. Desse total, estima-se que 5,4 milhões moravam na própria cidade, 226 mil em municípios do ABC e 805 mil nas demais cidades da região metropolitana. 

No ano passado, foram eliminadas 205 mil ocupações em São Paulo. O corte atingiu a maioria das regiões – as exceções foram o centro (Sé, Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República e Santa Cecília) e a chamada região sul 1 (Vila Mariana, Saúde, Moema, Ipiranga, Cursino, Sacomã, Jabaquara, Santo Amaro, Campo Belo e Campo Grande).

A maior parte das vagas cortadas, 61 mil, se concentrou na zona leste 2, seguida da zona sul 2, com menos 55 mil. A leste 1 (Mooca, Água Rasa, Belém, Pari, Tatuapé, Vila Prudente, Sapopemba, Carrão, São Lucas, Aricanduva, Artur Alvim, Vila Formosa, Penha, Cangaíba e Vila Matilde), perdeu 44 mil. Segundo o Seade, as zonas com maiores reduções no número de ocupados nela residentes foram as mais distantes da mancha central que concentra a geração de empregos.

Com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais, do Ministério do Trabalho) e da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED, do Seade e do Dieese), o levantamento aponta 5,12 milhões de empregados formais em 2015. Desse total, 3,4 milhões (62%) moravam na própria cidade. “Os trabalhadores sem vínculo empregatício, que trabalham por conta própria ou empregados domésticos, tendem a estar mais dispersos pela cidade”, aponta o Seade.

Segundo a fundação, a maior desproporção entre local de criação de empregos e região de residência ocorre no centro, “onde a infraestrutura é bem desenvolvida, mas os empregados residentes correspondem a 16% dos postos de trabalho”. 

Enquanto 64% dos empregos formais concentram-se nas zonas sul 1 (25,4%), oeste (21%) e centro (17,8%), 60% dos empregados moram “nas extremidades da cidade”: zona sul 2, leste 2 e norte 2 (Casa Verde, Limão, Freguesia do Ó, Pirituba, Peru e outros).