Protesto

Trabalhador em transportes avalia adesão ao dia de greve, nesta sexta

Tendência é de manifestações parciais pelo país. Em SP, metroviários divulgarão carta à população. Parte das centrais concentrará esforços para ato no dia 25. E 2017 será 'quente', diz dirigente

roberto parizotti/cut

Plenária com sindicalistas de todo o país aprovou uma ‘carta à sociedade’ por manutenção de direitos

São Paulo – Trabalhadores no setor de transportes em suas várias modalidades discutiram hoje (8), na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, sua participação no dia nacional de greve previsto para a próxima sexta-feira (11), contra a ameaça de perda de direitos sociais. Enquanto os sindicatos ligados a centrais como CUT, CTB, Intersindical e CSP-Conlutas devem organizar manifestações nesta semana, entidades vinculadas à UGT e à Nova Central tendem a concentrar sua organização para o dia 25, data de outro protesto das centrais. E todas já começam a discutir um encontro nacional, em 2017, para uma possível paralisação.

“A pancada foi grande. Sabemos que a retomada é lenta, mas o ano que vem vai ser quentíssimo”, disse o secretário-geral da CTB, Wagner Gomes. “Acho que aos poucos vai caindo a ficha, e o povo vai percebendo que comprou gato por lebre. Ou a gente faz alguma coisa, ou a tendência é piorar. Temos a obrigação de lutar para que o Brasil volte para os brasileiros.”

Em comum, avaliam os dirigentes, está a necessidade de buscar unidade para barrar as investidas do governo contra movimentos e direitos. O presidente da CUT, Vagner Freitas, considera o ato de sexta-feira um “início de unidade”. Segundo ele, o país vive “um Estado de exceção, em que a polícia agride estudantes, a justiça não é feita, a Operação Lava Jato faz uma apuração politizada, que tira empregos”.

Mas quem precisa decidir sobre paralisações, acrescentou, é o próprio trabalhador. “Eu não vou fazer paralisação, quem faz é a base do sindicato. Não estou preocupado com a cúpula, quero saber da base.” Ele garantiu que a CUT estará presente, “com todos os seus sindicatos”, tanto no ato desta sexta como no próximo dia 25. É preciso reagir, afirmou Freitas, “antes de a água derramar”.

Violência

Cada sindicato fará sua atividade, observou Wagner Gomes, citando ainda a participação dos diversos movimentos sociais, como sem-terra, sem-teto e estudantes. “É uma resistência ao descalabro em que o governo Temer pretende transformar o nosso país”, afirmou. Ele destacou as possíveis consequências negativas da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, em tramitação no Senado. “Quem faz o país crescer é o Estado, que investe em infra-estrutura. Quem vai pagar o preço da crise são os trabalhadores. Espero que a gente ainda consiga derrotar essa PEC, que é uma violência.”

“Queremos demonstrar ao governo e ao Congresso Nacional nossa contrariedade diante dos pacotes que estão previstos”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) da CUT, Paulo João Estausia, o Paulinho. Segundo ele, a expectativa é de que haja participação de todas as modalidades no ato de sexta-feira, da meia-noite ao meio-dia. Na cidade de São Paulo, o dirigente avalia que haverá paralisações nos principais corredores. Os metroviários divulgaram uma “carta aberta à população” em algumas estações. À tarde, haverá concentração no vão livre do Masp, seguido de passeata até a Praça da Sé, na região central.

“Se não reagirmos imediatamente, vai ser tarde demais”, afirmou Paulinho. Segundo ele, de agora em diante haverá “paralisações nacionais sistemáticas”. Sobre a duplicidade de datas próximas, o dirigente observou que quem já se preparou para a manifestação da próxima sexta-feira deve manter o movimento. No encerramento da assembleia de hoje, foi aprovada uma “carta à sociedade” em defesa dos direitos sociais e da democracia.

O secretário nacional do setor de transporte da Nova Central, José Alves do Couto Filho, o Toré, disse que a entidade “está jogando todo o peso na unidade”, mas propondo paralisação no dia 25. Ele afirmou que a reforma trabalhista começou – via Judiciário, “que já está reconhecendo negociação sem o sindicato, o negociado sobre o legislado”.

Nesse sentido, sindicalistas já iniciaram uma vigília em Brasília, lembrou o secretário de Relações Internacionais da Intersindical, Ricardo Saraiva, o Big. Ele lembrou do julgamento, previsto para amanhã (9), no Supremo Tribunal Federal, sobre terceirização. O STF deve julgar um recurso que questiona a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que veda a prática em atividades-fim das empresas. Além disso, avalia Big, a PEC 55, se aprovada, representaria “um atraso de 50 anos nas nossas contas”.

Segundo o 15º vice-presidente da Força Sindical, Valdir de Souza Pestana, do Sindicato dos Rodoviários de Santos, não é possível parar na próxima sexta “por uma questão de logística”. Mas no dia 25, acrescentou, “o estado de São Paulo para”. A executiva da Força se reúne hoje em Brasília justamente para discutir o dia 25, e não o dia 11.