Crise

Embraer quer ‘lay-off’, e sindicato propõe redução da jornada

Empresa diz querer ajudar produção à queda da demanda. Trabalhadores afirmam que não podem ser responsabilizados por casos de corrupção

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Metalúrgicos de São José: empresa tem financiamentos e desonerações, mas demite e leva produção para fora

São Paulo – A Embraer quer afastar pelo menos 2 mil funcionários no sistema conhecido como lay-off, de suspensão dos contratos de trabalho. Inicialmente, o acordo valeria para a fábrica de São José dos Campos, no interior paulista, onde ficam aproximadamente 13 mil dos 17 mil funcionários. Em reunião realizada ontem (10), o Sindicato dos Metalúrgicos propôs redução da jornada e estabilidade no emprego.

Em nota, a empresa afirma que tem como objetivo “ajustar o ritmo do trabalho à queda da demanda global por produtos e serviços”. De acordo com o sindicato, o afastamento de trabalhadores seria feito em sistema de rodízio, nos próximos dois anos. Foi marcada nova reunião para o dia 23. Entre agosto e setembro, a Embraer fez um programa de demissões voluntárias (PDV), com 1.470 adesões no país.

Na reunião de ontem, o sindicato afirmou “que os trabalhadores não devem ser responsabilizados pelos prejuízos causados pelo envolvimento da Embraer em recentes casos de corrupção na República Dominicana e em outros países”. Por isso, apresentou a contraproposta de estabilidade mais redução na jornada, sem diminuição de salários, de 43 horas para 40 horas semanais.

Além da corrupção, o crescente processo de desnacionalização da produção da Embraer também está levando ao fechamento de postos de trabalho no Brasil. A produção de jatos executivos Phenom, por exemplo, já foi levada para a fábrica da empresa nos Estados Unidos”, afirmam os metalúrgicos. “Mesmo recebendo dinheiro público por meio de financiamentos e desoneração da folha de pagamento, a Embraer está demitindo trabalhadores e levando sua produção para fora do Brasil”, disse o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros.