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Trabalhadores organizam ato contra terceirização em salões de beleza

PL que permite contratação de profissionais como pessoa jurídica aguarda sanção do presidente Michel Temer. Para sindicatos, medida abre precedente para terceirização em atividades-fim de outros setores

Assessoria de imprensa Contratuh

Profissionais oferecem cortes de cabelo gratuitos. Parte dos trabalhadores está acorrentada em prédios públicos

São Paulo – Trabalhadores realizam até amanhã (27) ato em frente ao Palácio do Planalto e ao Ministério do Trabalho, em Brasília, contra o Projeto de Lei  (PL) 5.230/13, aprovado na noite do último dia 4, que legaliza a terceirização de atividade-fim em salões de beleza para cabeleireiros, barbeiros, esteticistas, manicures, pedicures, depiladores e maquiadores. Centrais sindicais e confederações trabalhistas denunciam que a medida abre precedente para justificar a terceirização em atividades-fim de outros setores.

A mobilização, realizada por integrantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh) e da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NSCT), começou ontem (25) e tem o objetivo de pressionar o presidente Michel Temer para que ele não sancione o projeto de lei. Os profissionais que participam do ato oferecem cortes de cabelo gratuitos. Parte dos trabalhadores segue acorrentada em frente aos prédios dos órgãos públicos.

A lei, chamada de Salão-Parceiro e Profissional-Parceiro, de autoria do deputado Ricardo Izar (PSD-SP), permite que proprietários de salões de beleza que possuam equipamentos necessários para prestação dos serviços contratem os profissionais para executá-los “sob a forma de empresa”. O “salão-parceiro”, detentor dos materiais necessários para as atividades profissionais, será responsável pelo recebimento dos serviços prestados pelo “profissional-parceiro”, que “não terá relação de emprego ou de sociedade com o ‘salão-parceiro’”, segundo o texto.

As entidades entendem que a medida enfraquece a CLT e que a tendência dos estabelecimentos comerciais será de demitir os trabalhadores para contratá-los como pessoa jurídica, deixando de pagar encargos trabalhistas. A Contratuh reforça que a medida é diferente do Micro Empreendedor Individual (MEI), porque nesse caso se trata de um trabalhador autônomo que se formaliza e passa a recolher INSS.

Os defensores do projeto argumentam que muitos profissionais da área da beleza não são registrados e que essa seria uma oportunidade de formalização. A Confederação dos Trabalhadores em Turismo, porém, alerta que mesmo que não haja registro o profissional pode comprovar vínculo empregatício na Justiça do Trabalho e ter direitos garantidos, o que não ocorrerá quando ele se tornar pessoa jurídica.

“Esse tipo de lei se baseia na desculpa de transformar profissionais de salões de beleza em empreendedores, mas é apenas uma cortina de fumaça para algo maior, a perda de direitos trabalhistas e de vínculo empregatício, direitos respaldados pela CLT. Outros setores também estão na mira de projetos similares, por isso, a mobilização nesse momento é tão importante”, afirma o presidente da Contratuh, Moacyr Roberto Tesch Auersvald.

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